O aumento de incêndios em áreas protegidas, a cargo do Estado, onde manifestamente as acções de prevenção falharam, tal como aconteceu com as opções estruturais que as condenaram ao abandono, demonstram amplamente que a responsabilidade institucional nunca é avaliada com o mesmo rigor e severidade do que a resultante da acção de um particular, revelando uma duplicidade de critérios que podia ser explorada em tribunal.
As políticas desastrosas de que resultou o abandono dos campos, as assimetrias regionais e a falta de solidariedade nacionais, por muito criminosas que sejam, são considerados como meros azares, acidentes de percurso que inevitavelmente iriam acontecer, independentemente da competência e do esforço de que as empreedeu, ficando por apurar responsabilidades e culpas.
Mais do que alertar as populações, esta campanha desresponsabiliza as entidades oficiais, dando como culpados apenas os particulares que, aparentemente, serão imediatamente identificados e responsabilizados pelos seus actos, algo que sabemos ser raro no País em que vivemos.
Para quando em vez de um simples agricultor ou proprietário rural anónimo, vermos um presidente de câmara ou um ministro a serem dados como culpados por terem criado um cenário no qual as acções individuais ficam condicionadas e resultam nas vagas de incêndios que anualmente flagelam o nosso País?
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