Em ano de eleições, naturalmente a responsabilização ganha uma nova dimensão, sendo comum, e a tal já assistimos este ano, surgirem teorias da conspiração, que ligam o aumento de ignições a factores inerentes à luta político-partidário, como forma de descredibilizar o governo em funções, responsabilizando-o pelo sucedido através da falta de medidas capazes de, antecipadamente, evitar a propagação das chamas.
Cruzando informações, e adicionando a nossa sensibilidade, que vai no sentido de um elevado número de casos de negligência, que não deixa de ser crime, contra um escasso número de actos de incendiarismo, do que resulta um fogo deliberado, não é possível concluir que em anos eleitorais o número de ignições aumente de forma sensível e desgarrado de outros factores, esses sim, que surgem como comuns nos períodos de maior incidência de incêndios florestais.
As teorias da conspiração, independentemente do sentido, acabam por fazer tão pouco sentido como a variante que considera que a maioria dos fogos são intencionais, assumindo-se como mera retórica que pretende desviar responsabilidades, seja como forma de as evitar, seja para as atribuir, pelo que, mantendo-se o mesmo quadro de todos os anos a nível de fogos, toda a argumentação envolvente tende a modificar-se em função de objectivos partidários de muito curto prazo.
Aliás, em termos autárquicos, não podemos estabelecer diferenças, para melhor ou para pior, que sejam associadas às diferenças forças políticas, falhando da mesma forma em termos de prevenção, enquanto a nível de governo central, não apenas a responsabilidade acaba diluida, como tende a resumir-se à alocação de meios de combate, pelo que, sendo o dispositivo muito idêntico ao longo dos últimos anos, não é fácil, salvo em casos verdadeiramente excepcionais, visar quem tutela politicamente o sector.
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