Manifestamente, não obstante as aparentemente irreconciliáveis divergências, esta última opção surge como sedutora para quem, há poucos meses, estava certo de governar e, contra todas as expectativas e previsões de então, é derrotado nas urnas, deixando o seu líder perante o dilema de renunciar, talvez defenitivamente, ao cargo de primeiro ministro, ou seguir um caminho algo inesperado, aliando-se aos seus principais adversários, entendendo-se como tal quem lhe retirou a maioria dos votos e, de forma decisiva, determinou a sua derrota eleitoral.
Naturalmente que, mesmo pelo menor denominador comum, um acordo entre quem está a favor e contra a permanência no Euro, pretende permanecer na NATO ou sair dela, pagar a dívida ou renegociá-la, deixando de pagar, pelo menos parcialmente, será complexo e difícil de imaginar, mesmo sabendo que a imaginação é algo que, perante a possibilidade de governar, com tudo o que tal implica, não irá faltar, independentemente das consequências.
No entanto, para além da dificuldade em estabelecer um programa coerente, existe, inevitavelmente, um preço a pagar por parte de quem ceder mais, sendo quase inevitável que este seja pago nas próximas eleições, com um conjunto de eleitores a sentirem-se traídos, do que pode resultar um verdadeiro descalabro eleitoral, com efeitos distintos nas várias forças políticas envolvidas.
Para os partidos que têm como principal força a coerência política, caso do Partido Comunista Português, e dela nunca se afastaram, perder o capital de confiança é, certamente, devastador, pelo que a cedência naquilo que constitui o núcleo dos seus fundamentos doutrinários, é virtualmente impossível, sob pena de, tal como aconteceu noutros países, colapsarem, sendo disso exemplo o que sucedeu aos partidos comunistas em França ou Itália.
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