Desta forma, uma distinção ou descriminação no socorro, com parte da população a recorrer forçosamente a um serviço de socorro público, enquanto outra pode ter um complemento por parte de privados, vem agravar as já profundas diferenças sócio-económicas que se verificam, contribuindo para quebrar princípios básicos de solidariedade social e de confiança no próprio sector, com consequências imprevisíveis.
Um sistema não depende apenas de um conjunto de factos objectivos, mas também de uma subjectividade, que tanto pode ser baseada em factos como na percepção de cada um, na sua visão, princípios, conhecimentos e intuição, que determina em muito o valor que tem para quem dele depende, sendo o factor confiança determinante na apreciação e valoração da sua actividade ou acção concreta.
A propensão para desvalorizar ou apreciar de forma mais negativa um sistema ou serviço depende muito da ideia pré concebida do mesmo, sendo certo de que uma falha, mesmo que justificável ou aceitável, por parte de uma entidade privada no âmbito do socorro teria sempre um impacto muito superior ao de uma situação comparável ocorrida no sector público.
Será ainda de considerar o impacto negativo que a abertura deste sector à iniciativa privada teria no actual sistema de socorro, nomeadamente nos voluntários e associações que contribuem com o seu esforço e suportam parte dos encargos financeiros inerentes a uma operação que, face a uma concorrência empresarial, se pode sentir desvalorizada e descriminada, levando ao seu declínio.
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