A morte de uma idosa de 84 anos, professora aposentada, que aguardou durante perto de uma hora e meia por uma ambulância do INEM, após uma queda em Campolide, em plena cidade de Lisboa, para além de lamentável, revela fragilidades graves no socorro, quando a justificação para a demora é a inexistência de ambulâncias disponíveis.
Apesar do aumento de pedidos, e, consequentemente da actividade do INEM, que, segundo a instituição, teve um aumento de 23% relativamente ao ano anterior na cidade de Lisboa, que, lembramos, por ser de pandemia, depende de factores completamente distintos, que condicionam o socorro, resultando em pedidos muito diferentes dos habituais noutras circunstâncias, estes atrasos não são justificáveis por esta via.
O aumento de actividade era de esperar, como resultante do retorno a uma normalidade que se aproxima da anterior à pandemia, o que implica maior mobilidade e um aumento dos acidentes que resultam deste factor, mas também como resultado de mudanças que têm impacto severo na rapidez de intervenção das ambulâncias, que enfrentam o acréscimo de trânsito e uma maior dificuldade de circular em Lisboa, onde muitas vias foram parcialmente sacrificadas para que existam corredores para outro tipo de transporte, como bicicletas ou trotinetas.
Na cidade de Lisboa, há a registar 48.410 ocorrências nos primeiros seis meses de 2022, o que corresponde a mais de 260 ocorrências diárias que, naturalmente, têm variações, por vezes substanciais, representando números elevados, muito acima da média, mas o sistem devia ter a flexibilidade e elasticidade para comportar estes aumentos sem uma degradação do serviço que se aproxima, virtualmente, da inexistência, algo que corresponde a prestá-lo fora do tempo útil.
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