quarta-feira, julho 02, 2025

Reponsabilizações individuais por atrasos no INEM - 2ª parte

Por outro lado, o Ministério da Saúde recusa uma relação de causalidade entre a greve e a morte que consta do relatório, atribuindo-a às decisões da técnica e do médico cujos nomes constam do relatório da IGAS e assumindo que, noutro contexto, concretamente na inexistência de uma greve, estes teriam agido da mesma forma, algo que, para nós, não é uma elação imediata.

Numa situação de greve, com um número reduzido de operadores e supervisores, o volume de trabalho individual aumenta substancialmente, resultando num maior cansaço e na necessidade de decidir com maior rapidez, do que resulta, inevitavelmente, o número de erros, alguns dos quais, como neste caso concreto que consta do relatório do IGAS, podem ter consequências trágicas.

Em abstracto, sem opinar sobre a conduta destes dois profissionais, estava criado o cenário que propicia o tipo de erro, que numa situação normal poderiamos considerar como facilitismo ou negligência, mas que, durante períodos de enorme pressão, podem ser erros decorrentes das circunstâncias do momento, sobretudo da necessidade de atendar mais pedidos de socorro numa altura em que estes se acumulavam.

Naturalmente, existem padrões comportamentais, e a actuação da técnica e do médico agora visados num processo disciplinar tem que ser comparada com os respectivos antecedentes e a sua actuação em condições de normalidade, única forma de apurar se existe ou não uma correlação entre a falta de meios verificada durante o período de greve e os erros apontados, assumindo-se que eles existiram.

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