segunda-feira, julho 02, 2007

Kits para as freguesias ainda não foram entregues


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Um habitante numa aldeia cercada de chamas

No início da "Fase Charlie" estava previsto que um milhar de freguesias dispusessem de um "kit" que permitisse aos residentes uma primeira defesa em caso de incêndio.

Estes "kits", compostos por uma moto-bomba, reservatório de água e diversos tipos de ferramentas de sapador, ainda não foram entregues devido, segundo justificação oficial, a atrasos na elaboração do regulamento, o qual só deve ser publicado durante a próxima semana.

Este regulamento resulta de um protocolo assinado no passado dia 19 de Junho entre a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), a Direcção-Geral das Autarquias Locais, o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas e o Direcção-Geral dos Recursos Florestais, para o qual existem verbas na ordem dos 8.000.000 de euros.

Já várias freguesias tinham, em anos anteriores, improvisado alguns meios de combate, sendo que, durante muitos anos, o combate aos incêndios em muitas áreas do Interior era feito inicialmente pelas populações, com ferramentas de sapador, sendo depois reforçadas pelos bombeiros.

Com a desertificação, o envelhecimento das populações e o abandono de muitos terrenos agrícolas, os quais perderam grande parte do seu valor económico, a eficácia deste primeiro combate perdeu-se em grande parte, sendo agora feita uma tentativa de o revitalizar de forma mais organizada, dotando as freguesias de um conjunto de meios para o fazer.

Surge, no entanto, um problema grave na execução deste plano dado que em muitas aldeias já restam poucos habitantes capazes de enfrentar as chamas sem correr um risco desproporcionado face ao resultado que pode ser alcançado, devendo ser devidamente equacionado se ao dotar as populações com este tipo de equipamento não se estará a colocar uma exigência que não pode ser respondida dentro da prudência que se impõe.

Desconhecemos quais os critérios que determinaram a distribuição destes "kits", mas cremos que estes apenas devem ser fornecidos a freguesias que possuam o número suficiente de habitantes com a capacidade de os operar com um mínimo de riscos, sem o que poderemos estar diante de um estímulo para que acções temerárias possam resultar em acidentes graves.

Apesar de louvável no seu o objectivo, parece-nos que uma melhor aposta seria no sentido de fixar populações jovens no Interior, capazes de devolver a necessária sustentabilidade das zonas rurais, sem o que o material agora disponibilizado de pouco servirá em grande parte das nossas aldeiras onde os incêndios são apenas a face mais visível de uma destruição que começa no interior dos próprios habitantes que aí ainda teimam em residir.

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