Para além de um atraso na distribuição, o valor dos "kits" que o Governo pretende distribuir a um milhar de freguesias para defesa contra incêndios tem um valor exagerado quando comparado com aquisições efectuadas por algumas autarquias.
Estes "kits", a serem distribuidos pelo Ministério da Administração Interna e pelo Ministério da Agricultura, incluem uma moto-bomba, um tanque de 400 litros e ferramentas de sapador, tendo sido orçamentados em perto de 8.000 euros por unidade.
Para o presidente da Câmara Municipal de Mação, cuja autarquia adquiriu para cada freguesia um "kit" semelhante, com moto-bomba, depósito de 600 litros e 60 metros de mangueira com sistema de enrolamento por 1.250 euros, o valor atribuido pelo Governo a cada um dos conjuntos de material é um exagero.
Efectivamente, se o Governo prevê cerca de 8.000.000 de euros para equipar 1.000 freguesias, temos um valor de 8.000 euros para cada "kit", algo que nos parece, obviamente, absurdo, bastando consultar os preços de uma loja de ferramentas para chegar a esta conclusão.
Fazendo as contas, salvaguardando pequenas diferenças que podem derivar da capacidade do reservatório e da inclusão ou não de ferramentas manuais, o "kit" distribuido pelo Governo será mais de seis vezes mais dispendioso do que o adquirido pela Câmara de Mação.
Mas para além do valor individual, que parece incompatível com os meios adquiridos, seria expectável que, devido ao volume da aquisição, houvesse alguma economia de escala resultante da capacidade de negociação que uma aquisição deste volume proporciona.
Tal como o espera Saldanha Rocha, presidente da câmara de Mação quando declara que "esta questão devia ser analisada com mais profundidade", também nós esperamos que os responsáveis por esta iniciativa expliquem as razões pelas quais o valor dos "kits" são muito mais elevados do que adquirindo os seus componentes individualmente no mercado.
As aquisições para o combate aos incêndios têm sido pautadas por demasiados incidentes, muitas vezes atribuidos a questões de ordem técnica derivado da sofisticação dos meios a adquirir ou contratar, mas, neste caso, dado o tipo de material envolvido, torna-se difícil de justificar os valores apresentados, razão pela qual se exige um esclarecimento cabal da situação.
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