sexta-feira, maio 09, 2008

Novas oportunidades para políticos


Image Hosted by ImageShack
No link: imagem com 728 pixels de largura

A passagem de políticos para empresas privadas, com as quais assinaram importantes contratos enquanto governantes, mesmo que aceitáveis do ponto de vista legal, levanta sérias questões quanto à promiscuidade entre a política e o tecido empresarial, que justificam um momento de reflexão.

A contratação do ex-ministro Jorge Coelho por uma empresa com a qual assinou negócios com grande peso financeiro merece um breve comentário que incidirá não sobre o protagonista, que sempre se revelou como uma pessoa integra, mas sobre o impacto que teve no sentir do cidadão comum, cada vez mais habituado a ver políticos a transitar para a direcção de empresas que operam, muitas vezes, em áreas nas quais não têm nem conhecimentos, nem qualificações específicas.

Após haver conhecimento desta contratação, as acções da Mota-Engil sugiram substancialmente, tendo a empresa passado a valer mais 14.000.000 de euros, o que demonstra que a expectativa dos accionistas relativamente a negócios futuros aumentou substancialmente.

Esta reacção consubstancia a ideia de que um relacionamento próximo ou um mais fácil acesso a quem decide, mesmo que conjunturalmente, representa uma vantagem concorrencial substancial capaz de, só por sí, fazer decidir a seu favor os concursos públicos de que dependem em absoluto as grandes empresas de construção civil.

Transmite-se assim a mensagem de que vivemos num País onde a afirmação passa cada vez menos pelo mérito e pelo esforço, sendo substituido por uma teia de relacionamentos pessoais que servem de base a contratações, nomeações ou escolhas que marginalizam quem não está integrado entre o universo que gravita em redor das forças políticas dominantes.

Como consequência, temos a contínua descredibilização da classe política, o afastamento dos cidadãos de tudo quanto envolva a vida pública, o crescente abstencionismo e a procura de outras formas de promoção profissional e social, nomeadamente através da integração num dos círculos sociais que enche as páginas das publicações da especialidade.

Sem por em causa esta contratação específica, a análise dos reflexos que esta provocou aponta para um País que já não confia na classe política ou dirigente e manifesta uma profunda indiferença perante o seu futuro colectivo, limitando-se a sobreviver no dia a dia.

Sem comentários: