Apesar de este ano ter ardido uma maior área, separando as parcelas entre floresta e mato, as zonas florestais destruidas serão menos extensas do que em 2007, facto que parece permitir alguma forma de aproveitamento político.
Segundo os dados mencionados pelo presidente da subcomissão parlamentar de Agricultura, nos primeiros sete meses de 2007 arderam um total de 7.300 hectares, dos quais apenas 2.300 serão de floresta, enquanto no ano anterior dos 5.300 hectares destruidos, perto de 3.000 eram de floresta.
Mesmo que, do ponto de vista económico, a menor extensão florestal destruida possa parecer positivo, tal é anulado pelo esforço financeiro resultante do combate de um maior número de ocorrências, que afectaram uma maior área total, correspondendo, também, a um maior risco por parte de quantos estão envolvidos no combate às chamas e das próprias populações, algo que não é contabilizado e cuja gravidade tende a ser minimizado.
Para este parlamentar, estamos perante um "dado positivo", mesmo que haja uma evolução negativa no total de ocorrências e de área ardida relativamente ao ano de 2007 que, sendo absolutamente excepcional, não deverá ser usado como comparação mas tão somente para ilustrar quais os efeitos de um conjunto de condições climáticas aliada à devastação dos anos anteriores.
Já mencionamos, por diversas vezes, o quão fácil é manipular as estatísticas, recolhendo dados pontuais, isolando-os da conjuntura, retirando-os do seu enquadramento e oferecendo-os à opinião pública como um facto político no sentido de favorecer ou denegrir uma entidade ou instituição a qual, muitas vezes, pouca responsabilidade ou influência tem na determinação dos resultados.
As declarações deste deputado, sendo factualmente correctas, não têm qualquer significado real e escondem o que há de mais importante, como a diminuição da área florestal, a insustentabilidade de extensas zonas do Interior, a desertificação, a alteração da estrutura demográfica e tantos outros problemas que o poder político evita abordar, mas, infelizmente, caracterizam a abordagem típica feita entre nós.
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