segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Falar verdade sem a dizer - 1ª parte


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Um acidente de viação em Portugal

A morte de seis pessoas em acidentes rodoviários num único dia é, obviamente, uma tragédia, tal como não o deixa de ser a existência de uma única vítima mortal, mas esta coincidência infeliz não pode servir de base para qualquer tipo de notícia alarmista que, lamentavelmente, continua a ser algo habitual entre nós.

Muitos são os títulos com que nos deparamos e que, constatando uma realidade, a expressam de forma a que nenhuma conclusão válida e menos ainda uma extrapolação possa ser deduzida, acabando por transmitir uma percepção da realidade que, sendo factual, não é real.

Segundo os dados da sinistralidade rodoviária da Guarda Nacional Republicana (GNR), a própria distribuição das vítimas mortais, que com excepção das duas mortes ocorridas em Leiria, é uma em quatro outros distritos, não aponta para nenhuma situação de excepção, nem uma alteração de comportamentos, mas tão somente para uma acumulação que decorre da mesma forma que uma dispersão, resultando em dias sem mortos registados em acidentes de viação.

Quando os números em causa são pouco significativos, qualquer pequena variação tem um impacto percentual elevado, podendo-se, por exemplo, quando se passa de duas para seis vítimas falar num aumento de 300%, algo que, apesar de estatisticamente correcto, transmite aos mais incautos uma percepção errada da realidade, enquanto chama a atenção para um título cujo objectivo é de índole comercial.

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