segunda-feira, agosto 22, 2005

Contas erradas


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Imagem de satélite -Agosto 2003


Quando assistimos aos comparativos entre a área ardida de ano para ano, estes apenas incluem dados totais, sem descriminar quer o que ardeu, se floresta, mato, áreas de cultivo ou outras, e sem ter em conta o facto de haver cada vez menos zonas verdes.

Se há 5 anos o impacto de um incêndio de grandes proporções já era grave, após o terrível ano de 2003, com a diminuição substancial das áreas florestais, uma mesma área ardida tem consequências muito mais devastadoras.

No entanto, o discurso político não entra em conta nem as áreas ardidas e não reflorestadas, nem o facto de que o impacto da perda de uma determinada área ser cada vez mais grave em termos percentuais. Poucos lembram que perder 100 hectares em 1000 não é o mesmo que perder a mesma área de um total de 500. Infelizmente é exactamente isto que se passa em Portugal, e alegar que este ano a área ardida, mesmo nas difíceis condições meteorológicas, sendo inferior à de 2003 resulta de melhorias no dispositivo, é absurdo e uma flagrante falta de honestidade intelectual.

Qualquer comparação teria de ser feita relativamente à área verde ainda existente, sabendo que à sua diminuição deveria corresponder uma maior concentração de meios nas áreas sobreviventes e a uma maior facilidade na defesa destas. Lamentavelmente, nem mesmo os jornalistas colocam esta questão perante quem se vangloria de uma maior eficácia no combate aos incêndios, permitindo assim manter a ilusão de que algo foi efectivamente melhorado.

Não sabendo sequer fazer as contas, menos ainda é possível fazer uma análise correcta, um planeamento rigoroso e aceitar as responsabilidades reais por uma situação que continua completamente fora de controle.

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