terça-feira, novembro 15, 2005

O SNBPC criticado pelo próprio presidente


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Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civíl

O balanço do presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civíl, Manuel João Ribeiro, está incluido no segundo volume do relatório final da Autoridade Nacional para os Incêndios Florestais (ANIF), actualmente disponível na página na Internet do Ministério da Administração Interna.

Este dirigente afirmou que continuam a haver dificuldades no SNBPC em "assumir integralmente o processo de fusão iniciado em Março de 2003", até porque "ainda não foi aprovado o quadro de pessoal do SNBPC", continuando o serviço a funcionar com os quadros do ex-SNB (Serviço Nacional de Bombeiros) e ex-SNPC (Serviço Nacional de Protecção Civil).

Mantém-se também entre os funcionários do SNBPC "a clara (mas indesejável) identificação de quem pertenceu a cada um dos organismos extintos", diz Manuel João Ribeiro, acrescentando que "não raras vezes este Serviço parece encontrar-se balcanizado, funcionando em ordem às suas respectivas unidades orgânicas e não como um todo uno e indivisível" e com dificuldades em coordenar acções de protecção civil.

Ainda segundo o mesmo responsável, "esta circunstância acarreta, com alguma frequência, o desenvolvimento de comportamentos competitivos, de cariz pouco saudável, por não contribuírem como mais-valias para a instituição, revelando-se, por vezes, como verdadeiros entraves ao normal desenvolvimento das actividades do Serviço".

Mas Manuel João Ribeiro vai ainda mais longe, e acusa alguns funcionários do SNBPC de funcionamento "descontraído", onde "a matriz se resume, quase em exclusivo, ao cumprimento mecânico de uma função", para além de ser patente naquele serviço "um elevado deficit de cultura organizacional interiorizada pelos trabalhadores do Serviço, com repercussões na própria actividade e, sobretudo, na produtividade".

Esta situação de conflitualidade que dura há anos, perante a indiferença dos Governos e especialmente do Ministério da Administração Interna, de que depende o SNBPC, tem prejudicado não só a actuação deste organismo mas, como reflexo, a das diversas entidades que dele dependem em termos funcionais ou orgânicos.

O facto destes factos serem agora revelados pelo próprio Presidente, que está no SNBPC há anos, primeiro como Vice-Presidente e agora como principal responsável, confirma as críticas e os alertas de diversas associações de Bombeiros bem como os problemas decorrentes da repescagem do Coordendor Gil Martins, para muitos um dos responsáveis pelo desastre de 2003 e um dos principais focos de contestação por parte de quem participou nas operações de socorro nos últimos anos.

Lamentavelmente, foi preciso mais um Verão de pesadelo para que fossem apontadas algumas das causas para a falta de operacionalidade do SNBPC de que resultará, quase certamente, a criação de uma nova Autoridade Nacional que tememos não venha a ser mais do que o mesmo com outro nome.

Como se costuma dizer, é preciso que algo mude para que tudo continue na mesma.

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