domingo, junho 25, 2006

Voluntários portuenses indignados com críticas


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Rui Rio cumprimenta bombeiros sapadores

Os Bombeiros Voluntários do Porto já efectuaram, desde o início deste mês, 70 serviços transferidos dos Sapadores, no âmbito do protocolo que a corporação assinou com a Câmara do Porto, passando a receber trabalhos que se destinavam à corporação de profissionais.

Esta medida procura libertar os Sapadores de determinadas operações encaixa-se na estratégia de redução de horários imposta pela autarquia portuense.

A opção da autarquia foi criticada pelo presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP), Fernando Curto, que chegou a dizer que os voluntários não têm preparação técnica nem formação para substituir os sapadores.

Foram precisamente essas críticas que indignaram Carlos Bessa, comandante dos Voluntários do Porto, que recorda a extensa folha de serviços da corporação e lembra que, ao longo dos anos, sapadores e voluntários têm combatido, lado a lado, diversos sinistros.

"Não nos queremos intrometer nas questões entre os Sapadores e a Câmara, mas não podemos admitir que ofendam o trabalho de uma corporação que já tem 130 anos de vida", observou Carlos Bessa, que enviou uma missiva a Fernando Curto, dando conta do seu descontentamento.

"Acha que para lavar um pavimento, retirar um gato ou abrir uma porta é necessário um curso de formação?", questiona Bessa, na missiva, lembrando que é esse tipo de serviços que estão a ser transferidos para os voluntários.

"Os serviços estão a ser feitos dentro das nossas possibilidades", acrescentou, ao Jornal de Notícias, Carlos Bessa, que também escreveu à Liga de Bombeiros Portugueses e à Federação do Distrito do Porto, dando conta, também, da indignação da corporação.

Esta opção da Câmara Municipal do Porto tem, obviamente, uma intenção meramente economicista, e pode ter como objectivo a redução do número de sapadores, substituindo-os por voluntários, do que resulta um muito menor encargo para a edilidade.

No entanto, e no total, o número de bombeiros acaba por diminuir, o que em situações de maior pressão, como o período de maior incidência de fogos florestais, pode levar a uma problemática falta de efectivos.

Numa altura em que a profissionalização seria o caminho a seguir, parece-nos que a Câmara do Porto optou exactamente pelo oposto, facto tanto mais lamentável quando a edilidade, para festejar o feriado do município, não se coibiu de dispender largas somas numa celebração que se esgota no próprio dia.

Estamos certos de que, se fosse colocada à população a questão relativa onde preferia que esta verba fosse gasta, se em festejos ou em segurança, concretamente nos sapadores, a resposta seria no sentido da solução mais duradora e aquela que realmente garante os seus interesses no médio e longo prazo.

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