quarta-feira, novembro 19, 2008

Governo admite falha humana no acidente do Tua - 2ª parte


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Imagem de acidente na linha do Tua

Não vamos comentar o empurrar de responsabilidades entre as várias forças políticas, nem tentar determinar quem é responsável pelo adiamento das intervenções ou pela falta de atribuição de verbas para o efeito, já que o período de degradação da linha atravessa décadas e numerosos governos, pelo que seria de bom tom que todos reconhecessem a sua quota parte de responsabilidade no sucedido.

Devemos, no entanto, lembrar que as entidades responsáveis pela exploração da linha são empresas públicas, que desempenham funções sociais e têm resultados de exploração deficitários, pelo que dependem do Estado e das decisões governamentais para o equilíbrio financeiro e para que os gestores, nomeados por decisão política, tenham os meios para mandar executar os trabalhos necessários para a segurança dos utentes da linha do Tua.

Portanto, quando se concentra a responsabilidade dos acidentes a nível das empresas e se omite a influência decisiva do poder político, quer como financiador, quer como accionista que nomeia os dirigentes, quer como responsável de toda a orgânica das várias empresas e da sua interacção, criando vazios, zonas de transição e dificuldades de coordenação, visa-se apenas parte da cadeia que determina o mau funcionamento de todo o sistema.

Também não podemos deixar passar sem um comentário o facto de estarmos a perante um situação potencialmente perigosa, que levou actual governo a decidir efectuar um investimento classificado como "profundo" em 2006, mas que, passados dois anos e sucessivos acidentes, permite que a grande maioria dos trabalhos continue por efectuar, pois se embora os montantes canalizados para a manutenção tenham aumentado, o mesmo aconteceu com o estado de degradação da via.

Tipicamente, serão responsabilizados alguns técnicos, que poderão, no limite, ser presentes a Tribunal, mas não quem detem cargos de chefia directa e menos ainda de responsabilidade política, os quais, não obstante terem criado, pela sua inação ou negligência, as condições para que os acidentes ocorram, dificilmente responderão pelas opções que, conscientemente e com conhecimento dos relatórios, decidiram impor aos seus subordinados.

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