quarta-feira, janeiro 04, 2006

Espécies em risco na Estrela


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Mapa do Parque Natural da Serra da Estrela

Na sequência de um texto anterior, continuamos a analisar os incêndios que durante o Verão passado queimaram 12,5% da área florestal do Parque Natural da Serra da Estrela e afectaram 20 habitats protegidos pela legislação europeia, 5 dos quais estão classificados como prioritários.

A floresta de teixo, uma espécie muito rara, quase desapareceu e será de muito difícil recuperação, enquanto o maior medronhal ficou queimado, embora a regeneração ainda seja possível caso não seja mais afectada.

Aqueles elementos constam do relatório preliminar da caracterização dos efeitos dos incêndios, que devastaram mais de 10.000 hectares, com especial incidência nas zonas de Vide no conselho de Seia, de Ribeira no de Vale do Zêzere e de Paço da Serra no de Gouveia, e que contabiliza as áreas ardidas e define as cartas de valores da fauna, da flora, dos habitats e dos declives para definir o risco de erosão.

Este documento, que deverá estar terminado na 2ª quinzena de Janeiro e se destina a orientar a monitorização da regeneração natural e a habilitar a Direcção do Parque Nacional da Serra da Estrela nas decisões a tomar sobre as medidas e áreas prioritárias de recuperação artificial, conclui que foram atingidos 2.500 hectares de povoamento de pinheiro-bravo, 1.000 de povoamentos mistos e 200 de carvalhal.

Ainda de acordo com os dados preliminares, calcula-se que mais de 30 espécies da flora tenham sido atingidas, embora não se conheça o grau de afectação, pois só o relativo ao teixo parece inequívoco, e seja mais prudente aguardar pela Primavera, para avaliar a regeneração natural.

Em relação à fauna, concluiu-se que as áreas ardidas correspondem a áreas de ocupação de espécies importantes, como a víbora-cornuda e a osga, e que forma igualmente afectados diversos invertebrados, aves como o pisco-de-peito-azul e espécies cinegéticas como a lebre, o coelho e o javali.

Tal como mencionamos recentemente, uma primeira reacção governamental desvalorizou o efeito dos incêndios deste Verão, considerando que o impacto fora diminuto nas áreas e espécies protegidas, chegando, inclusivé, a manifestar a ideia que alguns benefícios a nível de limpeza das matas resultaram da devastação provocada.

Lamentavelmente, o que era evidente para todos, acabou por se provar ser verdade e as consequências agora reveladas demonstram a gravidade do problema, reforçando a ideia da falta de peso político do Ministério do Ambiente, facto já comentado pela Quercus.

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