sexta-feira, julho 07, 2006

Distritos mais atingidos


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Imagem de satélite com incêndios em 2003

Se a nível nacional o problema das áeras ardidas já é grave, uma análise detalhada revela uma realidade mais dramática, dada a desigualdade com que os vários distritos foram atingidos pelas chamas.

Neste "ranking" de distritos com maior destruição de floresta, Faro ocupa o primeiro lugar, com o nível de destruição a poder ter atingido os 55% desde 1995, após a devastação das Serra do Caldeirão e de Monchique.

Admitindo que em 1995 havia quase 100.000 hectares de floresta, em 2005, e na melhor das hipóteses, restavam perto 70.000 hectares, mas, na pior, apenas 44.000 hectares sobraram nesta zona algarvia.

Noutros quatro distritos, a área que era florestal e deixou de o ser também atingiu proporções assustadoras, pois segundo os cálculos feitos com base nos dados da Direcção Geral dos Recursos Florestais, em Castelo Branco a taxa de regressão foi de 42%, na Guarda e no Porto de 36% e em Viana do Castelo de 33%.

A passagem do fogo contribui directamente para a diminuição da taxa de arborização dos distritos, ou seja, da percentagem que as zonas florestais ocupam na totalidade do território.

Mais uma vez, Faro lidera a lista negra, pois se em 1995 tinha 20% de floresta no seu território, agora terá apenas entre 14%, na melhor das hipóteses e apenas 6% na versão mais pessimista.

Enquanto que, há dez anos, um terço do território de 11 distritos era ocupado por floresta, em 2005 isso só acontecia em cinco zonas distritais do País.

Para Pedro Almeida Vieira, autor deste estudo, prova-se ainda que as espécies florestais têm diferente resistência às chamas.

Por onde passa, o fogo destrói um pinhal, e deixa grandes estragos num eucaliptal, mas se passar por um montado de sobro ou de zinho, as árvores sofrem mas, na maioria dos casos, acabam por resistir e, ao fim de algum tempo, regeneram com facilidade.

Mas indpendentemente da capacidade de regeneração natural, é essencial que haja políticas que promovam a substituição das árvores destruidas, selecionando espécies que aliem uma maior resistência ao fogo à viabilidade económica.

Sem uma opção clara em favor das zonas mais desfavorecidas do Interior através de políticas de descriminação positiva, dificilmente poderemos esperar uma inversão da tendência e em breve todos sentiremos o preço a pagar em termos de qualidade de vida e da quantia que as emissões de dióxido de carbono na atmosfera obrigarão a dispender.

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