quarta-feira, julho 05, 2006

Beriev Be-200 inicia testes em Portugal


Image Hosted by ImageShack
Beriev Be 200 em voo de demonstração

O ministro da Administração Interna, António Costa, anunciou hoje, na Base Aérea de Monte Real onde se deslocou para assistir ao primeiro teste em Portugal da aeronave russa Beriev Be 200, que será tomada até ao final do ano a decisão sobre a aquisição de meios aéreos pesados para combate a incêndios.

"Caso Portugal opte pela compra do Beriev, o Governo está a estudar o modelo de pagamento que poderá passar pela amortização da dívida da antiga União Soviética a Portugal", disse António Costa.

Até ao final de Agosto, a aeronave vai operar em Portugal numa série de testes que visam esclarecer dúvidas sobre a sua operacionalidade no território português e cada voo contará com um piloto português na tripulação para fazer a avaliação das operações de combate às chamas.

A necessidade de grandes albufeiras ou enseadas de rios para abastecer e uma menor versatilidade em voo são dois dos pontos fracos da aeronave que, em compensação, leva 12.000 litros de água, o dobro dos seus rivais da Beriev custa 1.550.000 de euros e cada aparelho poderá custar entre 30 a 35.000.000 de euros, dependente da configuração e equipamento, segundo explicou Victor Kobzev, presidente da empresa russa, que participou na cerimónia de apresentação do Be-200.

"Neste momento, temos um contrato para se fazer um teste" de dois meses, de modo a "saber se o avião preenche os requisitos necessários" de combate a fogos em Portugal, afirmou António Costa.

O ministro sublinhou que a comissão técnica indicada para avaliar os meios aéreos em Portugal "recomendou a aquisição de quatro aviões pesados", pelo que a realização deste teste visa saber se o Beriev "pode ser elegível para a composição desse dispositivo" de protecção civil.

Caso o parecer técnico indique o Beriev como a melhor opção, a aeronave "custará rigorosamente o mesmo, a questão é saber como é que pagamos: se pelo abatimento de um crédito ou pelo desembolso de capital", explicou o ministro, que remete a decisão final ao Ministério das Finanças.

Por seu turno, o comandante operacional do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, Gil Martins, explicou aos jornalistas que a adaptação do avião ao território nacional só poderá ser aferida em situações de combate a fogos.

A orografia, a falta de pontos de água de grandes dimensões e várias questões climáticas são alguns dos problemas que Gil Martins antevê, embora reconhecendo que a capacidade de descarga é uma "vantagem adicional" do Beriev sobre todos os outros aviões.

Além reabastecer no mar, algo que só é possível com ondulação fraca, o Be-200 tem apenas 13 pontos de captação de água seleccionados no continente, uma situação que limita a actuação do aparelho em comparação com as outras 50 aeronaves de combate a incêndios a actuar em Portugal, tendo ainda que ser devidamente equacionadas variáveis tão importantes como a manutenção e o consumo.

Para além das questões técnicas que mencionamos num texto anterior, o abatimento da dívida da antiga União Soviética na aquisição destas aeronaves parece-nos particularmente complexo, dado que após a desagregação desta, a titularidade da dívida é discutível.

Em termos abstractos, os compromissos da antiga União Soviética passariam para as repúblicas que a constituiam, das quais resultaram países independentes, obedecendo a regras de proporcionalidade, mas o facto de algumas destas repúblicas terem sido anexadas ou forçadas a permanecer numa união contra a vontade dos seus habitantes, torna a questão de solução particularmente difícil.

Em todos o caso, seria de tentar que a percentagem da dívida referente à República Russa fosse descontada no valor da aquisição e, tal como anteriormente, que a aquisição de meios aéreos seja feita de forma objectiva e não condicionada ao resultado de negociações que podem não ter fim.

Sem comentários: