segunda-feira, março 03, 2008

Contributo para uma nova fórmula de cálculo


Image Hosted by ImageShack
Imagem de satélite do Norte de Portugal

Num texto anterior mencionamos algumas das possíveis razões pelas quais se poderá concluir no sentido de um possível sucesso ou fracasso no combate aos fogos florestais deste ano, mencionando várias das variáveis que poderão confirmar ou desmentir esta impressão.

A utilização de área ardidas brutas como critério de avaliação, tal como usada até hoje, torna-se algo absurda, dado não reflectir minimamente muitas das razões pelas quais, em grande parte, existe uma oscilação algo inexplicável de ano para ano.

O uso de um valor ponderado, substituindo a área ardida bruta pela percentagem perdida, corresponde a uma primeira aproximação, evitando situações absurdas que derivam da cada vez menor extensão da floresta portuguesa.

Basta imaginar que, com perdas a este ritmo e tendo em conta o actual esforço reflorestação, dentro de algumas décadas não existiria floresta, a área ardida cairia para zero e, obviamente, o combate teria sido um sucesso.

Também o investimento em meios deverá ser considerado na avaliação em termos da eficiência no combate, pois um aumento irracional e despesista poderá ser a tentação de um populismo fácil, que faz equivaler o empenho político às verbas dispendidas, independentemente do valor real dos meios contratados ou adquiridos.

Caso o valor do investimento comece a aproximar-se ou ultrapassar o dos bens cuja destruição é evitada, logicamente, tal corresponde a uma perda, mesmo que em termos estatísticos aparente ser um ganho.

Por outro lado, tendo em conta as alterações climáticas, não será de excluir uma cada vez maior dificuldade em enfrentar as altas temperaturas que tendem a verificar-se, o que constitui, como se demonstra pelas incidências nestes dias de maior calor, um dos factores mais decisivos.

A própria avaliação do número de incidências, normalmente sobrevalorizada, e a da área ardida, que ao invés tende muitas vezes a ser diminuida, terão de ser apreciados à luz de critérios mais objectivos, recorrendo, por exemplo, ao cada vez mais completo sistema de satélites, os quais permitem novos níveis de rigor.

Assim, numa nova fórmula que, sendo ainda algo simplista entra em conta com factores tão importantes como os já mencionados, serão equacionadas as seguintes variáveis:

Área florestal existente, preferencialmente excluindo mato e áreas sem valor comercial, muitas das quais podem beneficiar devido aos incêndios.

Meios disponíveis, concretamente no respeitante aos efectivos humanos, embora seja possível atribuir um aumento numérico em função dos meios materiais.

Dias de risco elevado ou muito elevado, conforme é estabelecido pelo Instituto de Meteorologia, dado que são de importância decisiva no número de ignições, podendo estabelecer-se uma regra que dê maior peso quando se verifiquem diversos dias em que as condições sejam propícias à propagação de fogos.

Dias de risco baixo a muito baixo, segundo critério semelhante ao anteriormente proposto para os de risco elevado ou muito elevado, mas de sinal contrário, dado que permitem descansar o dispositivo, efectuar reparações e preparar com calma os próximos dias de combate.

Área ardida, segundo os critérios actuais, mas sendo vantajoso considerar apenas a floresta e não mato sem valor comercial.

Será com base nestas e noutras permissas que poderemos equacionar, de forma mais concreta, se houve um sucesso ou um fracasso na campanha de um determinado ano, evitando uma visão demasiadamente simplista cujos resultados todos conhecemos.

Sem comentários: