O incêndio que começou pelas 13:16, em Casal Vieira, no concelho da Batalha, continuava activo e com intensidade ao cair da noite, mas não colocava em risco qualquer habitação.
Por esta altura, combatiam as chamas mais de 350 bombeiros, apoiados por cerca de veículos, e, durante o dia, um helicóptero, dois aerotanques e um aerotanque pesado, que enfrentavam dificuldades devido aos difíceis acessos e à constante mudança da direcção do vento.
A esta hora, já o incêndio tinha passado para o vizinho concelho de Alcanena e as dificuldades continuavam a aumentar.
Espera-se que durante a noite este incêndio fique dominado, pois as previsões para o dia de hoje apontam para subida de temperatura, podendo resultar em condições ainda mais adversas do que as verificadas esta 4ª feira.
Entretanto surgem suspeitas de que o grande incêndio do Sardoal tenha tido origem criminosa, dado terem sido encontrados pequenos dispositivos na zona onde começou o fogo.
Os engenhos, na forma de pequenas esferas de cor branca, entram em combustão lenta e finalmente ateiam o fogo a qualquer matéria combustível que se encontre em contacto, tendo este caso passado para a alçada da Polícia Judiciária que irá investigar o caso.
Estima-se que o incêndio que começou na segunda-feira e atingiu os concelhos de Sardoal, Abrantes e Mação, terá destruido mais de 2.000 hectares de zonas florestais, afectando sobretudo a freguesia de Alcaravela, que viu mais de um terço da sua área de floresta e mato destruida pelas chamas.
Para a autarquia, os prejuizos em Alcaravela ultrapassam o milhão de euros e a destruição surge quando os proprietários iriam obter os primeiros rendimentos da floresta depois dos incêndios que devastaram a zona de 1995.
Esta freguesia candidatou-se a receber os "kits" de primeira intervenção, mas a resposta foi negativa, pelo que os meios de defesa eram escassos, levantando-se a questão de saber quais os critérios de selecção para atribuir estes meios.
Os critérios na atribuição de "kits", que se desconhecem, levantam dúvidas quanto à diferenciação que vai passar a existir na atribuição de meios ás próprias corporações de bombeiros, que resultará de um conjunto de dados nos quais factores de risco, áreas de actuações ou o próprio histórico terão influência.
O estabelecimento de critérios é, logicamente, necessário, para que os equipamentos e recursos sejam disponibilizados a quem deles mais precisa, mas, com a falta de transparência a que estamos habituados, tememos que possam ser usados como forma de pressão política, condicionando a vontade das populações.
A falta de independencia de quem faz as avaliações e a crescente partidarização das estruturas dirigentes da administração pública, com uma manifesta promiscuidade que resulta da indiferenciação entre cargos de nomeação política, previstos na lei, e de carreira, onde os critérios normais do funcionalismo público deviam ser aplicados, leva-nos a crer que a diferenciação pode, em última instância, resultar como negativa na sua forma de aplicação, aumentando a vulnerabilidade das zonas mais pobres e deprimidas do País.
Se hoje falamos de "kits", amanhã poderemos estar diante de questões mais sensíveis, como equipamentos de socorro, razão pela qual um problema que aparenta ser menor, pode esconder situações mais graves que poderão ocorrer num futuro próximo.
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