segunda-feira, agosto 20, 2007

Fire Paradox promove o uso do fogo contra incêndios


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Recurso a fogo controlado como prevenção

Na apresentação do projecto internacional de investigação "Fire Paradox", efectuada na Lousã, foi defendida a utilização de fogo para apagar incêndios florestais.

Esta técnica foi muito usada em Portugal, sendo do conhecimento dos antigos Serviços Florestais, mas caiu em desuso nos anos 80, tendo-se perdido grande parte da experiência até então adquirida, não obstante ser um dos métodos mais eficazes em terrenos de difícil acesso ou perante fogos de grandes dimensões.

Outra vantagem óbvia é a sua utilização de forma preventiva, de modo a eliminar vegetação em áreas específicas, de modo a implementar zonas de contenção que evitema a propagação de incêndios, técnica que este ano já foi usada em Portugal.

Actualmente, mesmo sem enquadramento legal que suporte a utilização de fogos tácticos, estão formados 18 técnicos, enquadrados em seis grupos e que dão suporte aos comandos operacionais em incêndios de grandes dimensões.

O recurso a contra-fogos está previsto na directiva nº 2 da Autoridade Nacional de Protecção Civil, mas necessita de constar da legislação, de forma a que a técnica seja encarada como mais um método de contenção de incêndios

Um sistema de certificação dos técnicos e a uniformização de práticas também permitiria, em caso de necessidade, que estes operassem no estrangeiro, nomeadamente em França e Espanha, criando bases para uma reciprocidade a nível operacional, bem como a o melhoramento dos procedimentos.

A coordenação do esforço a nível internacional, incluindo partilha de conhecimentos, transferência de tecnologia e complementariedade de meios, é outra das perspectivas que se abrem através da discussão deste Projecto que interessa as autoridades dos países envolvidos.

O "Fire Paradox" já foi abordado no passado, sendo um Projecto que merece toda a atenção e vem repor um conjunto de técnicas que são de extrema necessidade para os países do Sul da Europa, onde o clima pode propiciar condições para incêndios de grandes dimensões e o ordenamento do território tende a apresentar falhas graves.

O recurso ao fogo controlado, que muitos ainda se lembram de ver a ser utilizado nos anos 70 e 80, constituiu durante anos um recurso eficaz e pouco dispendioso, se bem que algo arriscado, que em muito contribuiu para que as corporações de bombeiros com o escasso material que então dispunham, conseguissem proteger o País da devastação a que assistimos nos últimos anos.

2 comentários:

Paulo Ferreira disse...

O que levou os Bombeiros Portugueses deixarem utilizar o fogo controlado, mais conhecido pelo contra fogo, foi a falta de legislação ou como escreves a falta de enquadramento legal.
Uma coisa é a área que arde causado pela progressão do incêndio, outra é o que arde provocado pelo o fogo controlado, muito proprietários exigiram indemnizações a bombeiros pela destruição das suas áreas florestais, áreas essas que foram sacrificadas pelo uso do fogo controlado na protecção de outras áreas florestais.
Outra situação idêntica é o que se esta a passar com abertura de corta-fogo e alargamento de caminhos etc. Onde proprietários simplesmente recorrem a tribunais exigirem indemnizações as câmaras e a Bombeiros.

Em relação a técnica, pouca evolução existiu, os factores que são levados em conta para execução, são os mesmo que a década, a única situação foi a criação de um grupo reservado de pessoas para a sua execução, uma situação que motiva alguma desconfiança quer a nível de comando e de chefias.

Obrigado pela atenção

Nuno Cabeçadas disse...

Olá Paulo

Quando tinha uns 16 anos, por volta de 1980, era comum o recurso a contra-fogos na aldeia dos meus avós, no concelho de Fornos de Algodres.

Naquela altura, os bombeiros tinham muito poucos meios, aviões não havia e as comunicações eram difíceis, pelo que a população era obrigada a agir.

Nesses tempos, os processos judiciais eram impensáveis, porque todos assumiam que ardia tudo se não se quimasse algo para o evitar, mas com os tempos a mudar e o abandono dos campos muito mudou, a começar pelas mentalidades.

Os pedidos de indemnização começaram quando muitos queriam abandonar as terras e descobriram que as podiam rentabilizar sem as vender.

Um abraço