quarta-feira, agosto 22, 2007

Incêndio do Sardoal destruiu mais de 2.000 hectares


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Um popular no combate às chamas (foto Lusa)

O incêndio que lavrou no distrito de Santarém e destruiu mais de 2.000 hectares de terreno, pondo em risco habitações nos concelhos de Abrantes e Mação e no Sardoal, foi dado como circunscrito ao final da tarde, após longas horas de luta dificultada pelos ventos fortes que mudavam constantemente de direcção.

Este incêndio, que começou na 2ª feira, chegou a ser dado como extinto durante a madrugada, mas voltou-se a reacender perto do meio dia, em grande parte devido aos fortes ventos.

O combate a este incêndio mobilizou mais de 350 bombeiros, apoiados por mais de 100 viaturas e contou com a participação de seis meios aéreos, incluindo helicópteros e aviões-tanque ligeiros e os Beriev Be-200.

A dimensão do incêndio e a imprevisibilidade da sua progressão obrigou a enviar uma coluna de reforços de Lisboa, com mais de 100 elementos, bem como quatro pelotões militares e grupos provenientes dos distritos de Portalegre e Leiria.

Segundo as estimativas actuais, mais de 2.000 hectares de mato e floresta foram destruidos, sendo a freguesia de Alcaravela a mais atingida, com cerca de 500 hectares devastados pelas chamas.

A dimensão do incêndio levou a cortar a linha da Beira Baixa, retendo uma composição que fazia a ligação Lisboa-Covilhã e a interromper por diversas vezes a circulação na A23 devido à falta de visibilidade provocada pelo fumo.

Ao início da noite, o único fogo não circunscrito no país consumia uma área de floresta em Viana do Alentejo, distrito de Évora, no lugar de Zambujeiro e era combatido por 53 bombeiros apoiados por 15 viaturas.

O incêndio do Sardoal, que transitou para outras localidades, foi o maior deste ano, desconhecendo-se ainda o total da área ardida, havendo ainda a possibilidade de reacendimentos, sobretudo durante o dia de hoje, no qual se prevê uma subida de temperatura e diminuição da humidade do ar.

Este fogo de grandes dimensões e duranção superior a um dia surge no dia seguinte a um conjunto de declarações triunfalistas por parte do ministro da Administração Interna, que rejeita a influência das condições meteorológicas no número e extensão dos incêndios verificados este ano.

Sem uma temperatura particularmente elevada, nem uma humidade demasiado baixa, os fortes ventos demonstraram que basta a alteração de uma variável e áreas extensas sem descontinuidades ou barreias, naturais ou artificiais, para que um incêndio de grandes proporções possa devastar milhares de hectares ao longo de mais de um dia.

Caso se verifiquem reacendimentos, esta 4ª feira será francamente mais propícia à propagação das chamas do que a véspera, sendo previsível um dia que só não será mais complicado porque ainda não se verificaram longos períodos de condições adversas que levassem a uma excessiva e demasiadamente prolongada pressão sobre o dispositivo de combate, tal como aconteceu em 2003 e 2005.

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