segunda-feira, janeiro 21, 2008

Ambulâncias onde havia hospitais


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Ambulância do INEM ao lado de uma VMER

Quando alguém morre e surgem dúvidas quanto à responsabilidade de um dado membro do Governo, que tomou uma decisão possivelmente errada e que teve consequências, é normal que os partidos da Oposição peçam os necessários esclarecimentos através da presença do decisor envolvido.

Com um pedido de esclarecimentos, seja em sede de comissão parlamentar, seja noutro local, não se está a acusar ninguém, mas a pretender uma explicação para um conjunto de decisões que poderão estar ligadas com um dado acontecimento que para alguns levanta dúvidas enquanto para outros há muito que existem certezas.

Nunca será possível provar que a manutenção em funcionamento das urgências do Hospital de Anadia poderia ter evitado a morte de um bebé, que perdeu a vida não obstante os esforços do INEM, tal como não será possível, em boa fé, demonstrar o contrário, pelo que ambas as partes irão continuar a esgrimir argumentos que nunca convencerão os oponentes.

O que será sempre intuitivo é que havendo mais meios, a possibilidade de ter salvo esta vida seria maior e que o fecho de urgências e serviços de saúde, tal como tem vindo a suceder, se não resultou na perda desta vida, certamente será responsável pela morte de outros seres humanos, mesmo que tal seja difícil de provar de forma isolada.

Este é uma evidência que, infelizmente, será facilmente demonstrável quando ocorrer uma situação grave que obrigue a uma intervenção de emergência num local do Interior onde, seja por corte das estradas, seja por dificuldades de orientação, seja por qualquer outro factor conexo, não for possível prestar a devida assistência médica de forma atempada e daí resulte igualmente a perda de uma vida.

Não temos tido, pelo menos até agora, um Inverno rigoroso, com estradas intransitáveis, mas quando tal acontecer, as consequências do fecho de tantas unidades de saúde será sentida, e aí não haverá nem desculpa nem perdão para quem optou por esta política que confunde socorro com assistência hospitalar enquanto transforma hospitais em ambulâncias estacionadas em localidades cada vez mais desertas.

1 comentário:

Paulo Ferreira disse...

É triste essa situação, uma ambulância parada as portas de um hospital em manobras de suporte básico de vida, a espera de uma viatura médica que estava a mais de 27 quilómetros, estando as janelas do Hospital médicos e enfermeiros a verem aquele triste espectáculo.

Será que os médicos e enfermeiros daquele hospital não sabem executar SAV?
Se sabem porque é não entreviram, é necessário ter um grande estômago tomar tal atitude.
Como é que esse hospital faz quando um doente seu entra em paragem cardio-respiratória?

Outra situação, não existe mais ambulâncias de socorro em Anadia?
Os Bombeiros locais não tinham ambulância?
Foi necessário accionar uma ambulância que vinha de regresso de Coimbra?

Respostas para essas questões, não existem