Esta também é a época em que, num País em profunda crise, económica, os televisores de alta defenição, os sistemas de gravação e reprodução mais sofisticados e toda uma panóplia de acessórios são adquiridos a prestações mesmo por quem já não consegue equilibrar as contas do dia a dia ou sequer viver com um mínimo de dignidade sem recorrer aos mais imaginativos artifícios.
Obviamente, tal não estimula a economia, mesmo que nas estatísticas aparente um aumento do consumo e da confiança dos consumidores, acarretando consequências para todos os que, passados uns meses, se apercebem de que, sem o saber, trocaram o carro ou a casa por uma televisão que poderão apreciar, sem imagem nem som, debaixo de uma qualquer ponte.
Mas tudo o que não esteja directamente relacionado com o fenómeno do futebol é esquecido, e assim pode-se fazer aprovar quase sem oposição um absurdo Acordo Ortográfico, recorrer a uma mera portaria para por em vigor legislação relevante, mesmo que esta afecte direitos, liberdades e garantias constitucionais ou continuar a aumentar os preços dos vários combustíveis, sem grande contestação popular.
Um desporto ainda muito praticado
Lamentavelmente, com a cumplicidade de governantes, da comunicação social e de todos a quantos um par de meses de tréguas, que antecedem outros tantos de férias, benefeciam, muito são os que contribuem para que o País esteja fechado durante quase quatro meses, reabrindo com surpresa e susto lá para meados de Setembro.
Entretanto, durante o Verão terão ardido mais uns milhares de hectares do pouco que resta das nossas florestas, uns milhares de trabalhadores verão as suas fábricas fechar de forma quase clandestina no regresso das férias, legislação gravosa e iníqua terá sido aprovada, a criminalidade continuará a aumentar e, perante tudo isto, ouviremos gritos de alegria ao ver uma bola a entrar na baliza de um adversário originário de um país de que nunca se ouviu falar.
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