Danos visíveis após um acidente na linha do Tua
Esta descrição de um fim tão inevitável como ineludível consta do livro "A importância de se chamar Ernesto" de Oscar Wilde e parece aplicar-se cada vez mais à realidade nacional, onde factos para os quais não há uma explicação nos relatórios oficiais, são aceites pacificamente e sem contestação.
O relatório preliminar ao recente descarrilamento na linha do Tua, do qual resultou uma vítima mortal, não encontrou qualquer causa para o sucedido, pelo que o ministro das Obras Públicas deu instruções para que uma análise mais completa seja efectuada e um relatório entregue no período de um mês.
Nas imagens que todos podemos ver era patente a degradação de diversas travessas, cuja madeira apresentava sinais de detrioração, acrescendo as conhecidas derrocadas ou aluimento de terras, que serão comuns numa zona geologicamente instável e húmida.
Em Portugal, os relatórios tendem a ser inconclusivos, secretos ou a demorarem demasiado tempo, razão pela qual a sua eficácia e valia tende a ser diminuta, evitando-se o escândalo público adiando a revelação dos documentos durante o tempo suficiente para que o caso esteja esquecido por parte da comunicação social.
Espera-se que, a bem da segurança dos utilizadores de uma via que se espera venha a ser reaberta e da credibilidade do próprio Estado, o relatório que será apresentado dentro de um mês consiga determinar as causas de um acidente de consequências graves, responsabilizando quem, por acção ou omissão, tenha contribuido para a falta de segurança de uma ferrovia onde os incidentes se repetem.
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