quinta-feira, agosto 28, 2008

"Morreu porque não podia viver"


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Danos visíveis após um acidente na linha do Tua

Assim é descrita a causa da morte do primo Bunbury que, após anos de resistência, quando os médicos concluem que não podia continuar vivo, expontaneamente e sem causa aparente, morre.

Esta descrição de um fim tão inevitável como ineludível consta do livro "A importância de se chamar Ernesto" de Oscar Wilde e parece aplicar-se cada vez mais à realidade nacional, onde factos para os quais não há uma explicação nos relatórios oficiais, são aceites pacificamente e sem contestação.

O relatório preliminar ao recente descarrilamento na linha do Tua, do qual resultou uma vítima mortal, não encontrou qualquer causa para o sucedido, pelo que o ministro das Obras Públicas deu instruções para que uma análise mais completa seja efectuada e um relatório entregue no período de um mês.

Nas imagens que todos podemos ver era patente a degradação de diversas travessas, cuja madeira apresentava sinais de detrioração, acrescendo as conhecidas derrocadas ou aluimento de terras, que serão comuns numa zona geologicamente instável e húmida.

Em Portugal, os relatórios tendem a ser inconclusivos, secretos ou a demorarem demasiado tempo, razão pela qual a sua eficácia e valia tende a ser diminuta, evitando-se o escândalo público adiando a revelação dos documentos durante o tempo suficiente para que o caso esteja esquecido por parte da comunicação social.

Espera-se que, a bem da segurança dos utilizadores de uma via que se espera venha a ser reaberta e da credibilidade do próprio Estado, o relatório que será apresentado dentro de um mês consiga determinar as causas de um acidente de consequências graves, responsabilizando quem, por acção ou omissão, tenha contribuido para a falta de segurança de uma ferrovia onde os incidentes se repetem.

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