Após anos em que as imagens dos fogos, muitas vezes reforçadas pela tragédia vivida pelas populações enchia os noticiários, a problemática dos incêndios parece desaparecer da comunicação social, em parte pelo menor número de ocorrências, mas, sobretudo, substituida por temas mais mediáticos, como a crise económica ou o aumento da criminalidade violenta.
Apenas quando exitem algumas situações mais complicadas, sobretudo quando se aproximam de habitações, existe alguma cobertura noticiosa que tende a ser preenchida em grande parte por declarações dos responsáveis pelo comando das operações e pouco a relatar o que efectivamente ocorreu.
Esta alteração tem aspectos positivos, pois a excessiva mediatização, compreensível em anos onde os fogos atingiram proporções de tragédia nacional, pode motivar comportamentos criminosos por parte de quem tem tendências pirómanas, enquanto a excessiva exposição das vítimas resulta num prolongar do sofrimento, mas a tendência para reduzir a cobertura noticiosa a alguns pequenos "spots" pode transmitir a ideia errada de que este é um problema que não existe.
Continua a faltar equilíbrio noticioso, mantendo em lugar de destaque um conjunto de problemas que, mesmo quando não são os que atraem mais audiências, necessitam de ser relembrados, não apenas na vertente da sua existência real, mas de forma a não desmobilizar a sociedade e como forma de combater atitudes laxistas que rapidamente surgem, mesmo quando pareciam esquecidas.
Existe uma dimensão social que parece esquecida nos "media", que optam por dar prioridade a notícias que atraiam audiências, sem critérios de interesse nacional, de relevância e sem uma vertente pedagógica que ajude não apenas a entender a realidade, mas também a prevenir situações que devem, a todo o custo, ser evitadas.
Cabe aos orgão de comunicação social uma responsabilidade especial na prevenção e na luta contra os incêndios florestais, tal como cabe às audiências o direito e o dever de exigir isenção, objectividade e uma cobertura equilibrada e séria que seja parte da solução e não parte de um problema que, mesmo que esquecido, não deixa de estar presente.
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