quinta-feira, setembro 23, 2010

Dois detidos por fogo posto - 2ª parte

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Consequências de um incêndio florestal em Portugal

Desta forma, os números apontados para acção humana surgem como uma justificação para uma manifesta falha a nível das mais variadas políticas, nomeadamente no ordenamento do território e na inexistência generalizada de acções de prevenção, agravadas pelo quase completo abandono de investimento no Interior.

Sempre relativizamos o número de incendios resultantes da acção humana, reconhecendo a sua existência, mas tendo em conta tanto quem pratica o acto como quem cria o cenário, podendo-se fazer um paralelo entre uma casa arrumada e um palheiro, onde pessoas e veículos com motores a explosão se movimentam.

Se no primeiro caso, o risco de incêndio é baixo, no segundo será quase inevitável e o combate virtualmente impossível, mas o facto é que se acusa facilmente quem adopta comportamentos negligente, mas nunca quem, tendo à sua disposição tempo e recursos, criou condições para que as consequências sejam trágicas.

No fundo, a aplicação da justiça no caso dos crimes relacionados com fogos florestais acaba por reflectir o que se passa num ambito mais geral, com executantes ou pequenos criminosos, alguns deles com problemas mentais, a serem facilmente condenados, enquanto os responsáveis pelas decisões estratégicas que vulnerabilizam o País escapam impunes e, muitas vezes, são recompensados com novos cargos onde a sua manifesta falta de competência tem um impacto ainda mais devastador.

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