quarta-feira, novembro 23, 2005

Governo continua a preferir combate à prevenção


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Land Rover em caminho florestal

Torna-se óbvio após as recentes decisões governamentais e a aprovação de um conjunto de diplomas, que a opção do maior esforço vai no sentido do combate, nomeadamente através da criação de um novo corpo especial dependente da GNR, em detrimento da prevenção.

Enquanto a proposta técnica de Plano Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios (PNDFCI) visa essencialmente prevenir incêndios através de uma reestruturação da floresta e dos vários meios de vigilância e detecção, através de uma estratégia a médio prazo, razões financeiras ditaram a subordinação desta tese à mais populista e imediatista vertente do combate, facto que é de lamentar em absoluto.

Logicamente, o aumento do dispositivo, os números de meios áeros envolvidos, o reforço das unidades de primeira intervenção, são argumentos que tendem a impressionar e facilmente servem como medida do empenhamento político e, na altura apropriada, de desculpa pelo inevitável insucesso.

Infelizmente, em termos de incêndios florestais, qualquer combate, por muito bem sucedido que seja, é sempre uma derrota, dado que vão sempre existir danos e perdas entre as quais, diz-nos a experiência, podem encontrar-se vidas humanas.

Fazendo uma analogia com a prevenção rodoviária, onde cada vez se aposta mais na prevenção, dado que após o acidente se entra numa fase de controle de danos, a perspectiva relativamente ao problema dos incêndios florestais é exactamente a contrária, de que resulta a interrogação se o Governo não considera inevitáveis os incêndios que anualmente assolam as nossas florestas.

Comparando os números, este ano os incêndios custaram 500 milhões de euros, enquanto o PNDFCI aponta para um quarto dessa verba anual em termos de acções de de silvicultura preventiva e criação de infra-estruturas de defesa da floresta, sensibilização das populações, investigação científica, custos de combate, no qual estão incluidos os meios aéreos com valores calculados segundo a média dos últimos anos, recuperação de áreas ardidas e a criação de uma nova estrutura organizacional, com cerca de 800 pessoas, que coordenaria, de forma integrada, todas as acções a promover.

Consideramos que este valor, para além de demasiadamente elevado, nem sempre está de acordo com as nossas perspectivas relativamente à resolução deste problema, pecando por uma estrutura demasiado pesada, duplicação de recursos em diversas áreas e um alheamento relativamente ao papel que os municípios e a própria sociedade civíl devem desempenhar.

No entanto, este Plano, por muito criticável que seja, tem pelo menos o mérito de apontar no caminho da prevenção, o único que pode diminuir o sofrimento das populações a a angústia de tantos que esperam, aterrorizados, pelo Verão que se avizinha.

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