terça-feira, janeiro 31, 2006

Incêndios devastaram mais de 325.000 hectares em 2005


Image Hosted by Imageshack
Incêndios florestais no Verão de 2005

Os incêndios florestais em 2005, dos quais mais de um terço foram provocados "intencionalmente", devastaram em Portugal 325.226 hectares, segundo um relatório apresentado hoje em Lisboa pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais.

Os incêndios florestais, com área superior a um hectare, foram 8.086 e os fogachos, de área inferior a um hectare, 27.677, num total de 35.763 ocorrências, bastante acima da média anual entre 2000 a 2004, que se situa nos 27.142.

"Os incêndios de mais de 100 hectares são sempre a componente mais significativa da área ardida total, tendo representado 85,1 por cento da área ardida de 2005 e 93,1 por cento da área ardida de 2003, correspondendo a um número de ocorrências relativamente reduzido, inferior a 1% do total", refere o "Relatório de 2005 dos Incêndios Florestais".

Os povoamentos florestais destruídos pelas chamas chegaram no ano transacto a 208.113 hectares e os matos a 117.113 hectares, somando os 325.226 hectares, muito acima da média anual entre 2000 e 2004 de 190.289 hectares, e com a seguinte divisão por distritos:

  • Aveiro 22.012
  • Beja 1.606
  • Braga 12.354
  • Bragança 12.335
  • Castelo Branco 20.124
  • Coimbra 47.642
  • Évora 1.373
  • Faro 1.666
  • Guarda 24.592
  • Leiria 25.675
  • Lisboa 2.076
  • Portalegre 1.811
  • Porto 22.297
  • Santarém 28.749
  • Setúbal 1.008
  • Viana do Castelo 27.068
  • Vila Real 35.002
  • Viseu 37.837
Em 2005, arderam em Espanha 161.154 hectares, em França 22.400, em Itália 38.880 e na Grécia 8.393, valores que demonstram a extensão do problema em Portugal, sobretudo se atentarmos à diferença das áreas totais dos países em causa.

Em 2005, apenas 2,2% dos incêndios florestais ficaram a dever-se a causas naturais, enquanto o uso negligente do fogo representou 26,8%, causas acidentais 8,2%, intencionais 35,4% e indeterminadas 27,4%, pelo que estamos a falar de mais de 60% de incidências devidas a intervenção humana que vão desde o mero descuido ao dolo.

Em Espanha, por exemplo, utiliza-se a percentagem de incêndios com um tempo de chegada dos bombeiros inferior a 15 minutos como indicador de eficácia, sendo que em Portugal os tempos de chegada são, em geral, bastante curtos, abaixo dos 20 minutos em 80% dos casos, pelo que não será a falta de rapidez na intervenção o factor de insucesso.

"As causas naturais correspondem a percentagens sempre reduzidas, com alguma expressão apenas no interior centro e no Alentejo", acrescenta o documento elaborado pela Divisão de Defesa da Floresta Contra Incêndios da DGRF, segundo a qual "as mesmas tendências podem verificar-se para as diferentes regiões de Espanha".

Por outro lado, salienta que este ano apenas foram estudados aprofundadamente 1400 dos 35212 incêndios e que, segundo a DGRF, não são necessariamente "representativos do universo total", pelo que da maior ou menor representatividade da amostra, se pode estar perto ou longe das causas reais.

O facto de se apontar para uma elevada percentagem de fogos resultantes de acção humana, seja intencional ou furtuita, pode caracterizar uma certa falta de educação cívica, mas nunca servirá de justificação para o insucesso na luta e, menos ainda, na prevenção dos incêndios florestais.

Este é o tipo de relatório que se vai tornando habitual todos os anos, misto de resignação e de fatalismo, sem que entretanto se implementem medidas de curto prazo capazes de suster este flagelo enquanto se estudam, e põe em prática, medidas estruturais de médio e longo prazo.

Sem comentários: