terça-feira, outubro 10, 2006

Emergências de 45 minutos


Image Hosted by ImageShack
Ambulância dos Bombeiros Voluntários de Caneças

Com a anunciada reestruturação dos serviços de urgência, foi apontado como objectivo do Ministério da Saúde que nenhum residente em Portugal estivesse a mais de 45 minutos de um serviço de urgência hospitalar.

Embora falte ainda defenir exactamente quais o serviços e valências que esta medida implica em cada um dos pontos agora propostos, surge a questão do transporte de doentes e sinistrados a qual cabe quer ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), quer às corporações de bombeiros, titulares da esmagadora maioria das ambulâncias.

Segundo informação do presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), esta não foi contactada pelo Ministério da Saúde, de modo a informar-se sobre os equipamentos, disponibilidades e valências das ambulâncias dos bombeiros, as quais são absolutamente essenciais para que o objectivo de ter um serviço de urgência a 45 minutos seja alcançado.

Igualmente grave, é o facto de estarem a ser usadas tabelas, estudos estatísticos e comparativos e outras formas de avaliação indirecta em substituição de simulações e testes práticos, os únicos capazes de confirmar o tempo de transporte para um serviço de urgência e que dependem de factores que em muito ultrapassam a simples distância a percorrer numa dada via.

Para além do percurso, factores como a disponibilidade de meios, prontidão, qualificação dos recursos e tantos outros, são absolutamente essenciais para efectuar este tipo de planeamento, de modo a incluir as diferentes características de meios e de actuação dos vários envolvidos.

Sem simulações e testes, capazes de reproduzir uma situação real, onde é necessário mobilizar meios, deslocá-los até ao local da ocorrência, estabilizar eventuais vítimas e transportá-las até à urgência mais próxima que inclua as valências necessárias, prestando durante o trajecto os cuidados necessários, dificilmente se poderá ter uma ideia real do tempo necessário a uma evacuação de urgência, sobretudo se esta ocorrer durante a noite, com grande densidade de tráfego e em condições meteorológicas adversas.

Convém também que, após estas simulações, se efectuem testes similares a partir de outros serviços de emergência, simulando o facto, sempre possível, de o equipamento primário, aquele que seria activado em primeiro lugar, não estiver disponível, de modo a que, mesmo nesta situação, fosse respeitado o tempo previsto de 45 minutos até à chegada a uma urgência.

Também é da maior importância a existência de uma escala de rotação e de reserva, de forma a mandar avançar meios para zonas que, devido a intervenções, se encontrem desguarnecidas, sendo necessário a implementação de sistemas de geoposicionamento capazes de fazer o seguimento em tempo real dos meios activados.

Sem que estes testes se efectuem, incluindo a nível de sistemas redundantes e abrangendo todo o território nacional, o encerramento de urgências coloca em perigo as populações e contribuirá, em conjunto com outros factores, para um cada vez maior abandono do Interior do País.

Sem comentários: