terça-feira, novembro 07, 2006

Reflorestação na Serra da Estrela


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Floresta de carvalhos

Começou a recolha de bolotas para a plantação de 1.000.000 de carvalhos no Vale do Zêzere, que para além da reflorestação de áreas destruidas pelas chamas, visa combater a erosão dos solos, aumentar a biodiversidade e aumentar a capacidade de armazenamento de água.

Esta iniciativa, que partiu do projecto "Um milhão de carvalhos para a Serra da Estrela" da autoria de um vigilante da natureza, preocupado com os efeitos dos grandes incêndios e promovida pela "Associação Cultural dos Amigos da Serra da Estrela", foi anunciada pelo secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa,

Este ano, o Parque Natural da Serra da Estrela foi o terceiro mais fustigado pelos fogos, que consumiram cerca de 666 hectares de floresta e mato entre os perto de 10.000 destruidos em áreas pertencentes ao Estado.

Conforme salientamos, apesar da substancial redução de área ardida relativamente ao ano passado, quase 15% dos 72.000 hectares destruidos ocorreu em Parques Naturais, sendo agora imperativo proceder à sua recuperação.

No Parque Nacional da Peneda Gerês, particularmente afectado, estão a ser equacionados diversos apoios, inclusivé a nível comunitário, por iniciativa de eurodeputados e pela pressão de autarcas e entidades regionais, mas as restantes áreas protegidas parecem algo esquecidas pelo poder político a nível central.

Seria normal que as áreas dependentes do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) fossem apoiadas, de forma proporcional aos prejuizos, através de programas comuns promovidos pelo próprio Estado e complementados pela iniciativa das forças vivas de cada região, de forma a que em todas elas, mesmo nas economicamente mais deprimidas, houvesse uma recuperação rápida.

A conjugação dos esforços privado e público é absolutamente necessária, para além de responsabilizar todos na defesa e recuperação de um património natural que é dever perservar, pelo que deve haver complementaridade e coordenação, com o Estado a suprir as carências das regiões onde os recursos locais sejam insuficientes para a recuperação do que foi destruido.

Consideramos que não cabe ao Estado todo o esforço de recuperação, mesmo quando se trata de áreas que este administra, mas é responsabilidade do poder político tomar as medidas em termos de ordenamento e de prevenção que evitem a repetição sucessiva desta devastação, sob pena de ter que assumir em exclusivo os custos que uma população desprovida de recursos já não poderá apoiar.

Infelizmente, sobretudo nas áreas dependentes do ICN, verifica-se uma flagrante falta de capacidade de intervenção, em parte devido aos problemas orçamentais vividos por este organismo público actualmente à espera de reestruturação, mas também derivados de uma falta de políticas sérias na área ambiental, patentes na desorçamentação verificada nos últimos anos e que já mencionamos previamente.

Efectivamente, sem um reforço orçamental ou uma parceria com entidades privadas, que tem que ser avaliada de forma particularmente cuidade de forma a não mercantilizar o património natural, tornando-o apenas acessível a alguns, ou comprometendo-o com estratégias de desenvolvimento baseada numa urbanização desregrada, mesmo as mais valiosas iniciativas, como a aqui mencionada, serão de pouca valia perante a degradação generalizada

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