quinta-feira, dezembro 21, 2006

Patrocínios nos bombeiros: será aceitável?


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Apoio ao ISN pela Mitsubishi, Nestlé e Vodafone

A necessidade de financiamento, sobretudo numa altura em que se discute um novo modelo tripartido, deve fazer reflectir sobre as várias possibilidades de colaboração entre as associações de bombeiros e o tecido empresarial.

Não será a primeira vez que empresas cedem equipamentos, tendo como contrapartida um retorno publicitário, algo quem tem acontecido, inclusivé, em áreas relacionadas com o socorro, pelo que a possibilidade de estender este tipo de acordos a outras áreas ou sectores merece alguma reflexão.

Logicamente, as entidades que recorrem a este processo de financiamento são, normalmente, de direito privado, mas o facto de o próprio Instituto de Socorros a Naufragos (ISN), dependente da Armada, ter estabelecido acordos deste tipo e que envolvem empresas como a Mitsubishi Portugal, a Nestlé ou a Fundação Vodafone, demonstra que é uma opção que deve ser encarada com a necessária abertura.

Sem entrar em questões legais, que poderão ser abordadas ou discutidas sob várias perspectivas e podem fazer perder os objectivos finais, o patrocínio com recurso a suportes publicitários tem sido um meio corrente de obtenção de fundos por inúmeras entidades de utilidade pública que são, complementarmente, subsidiadas pelo Estado.

Evidentemente, será sempre de ter em conta que qualquer acordo deste tipo não poderá, de forma alguma, intreferir com a área operacional ou implicar qualquer tipo de retorno que não a nível de imagem, salvaguardando assim a independência das associações em relação a um qualquer patrocinador e garantindo que o desempenho das missões não é prejudicado.

Por outro lado, e deixamos esta questão para reflexão, a inclusão de mensagens publicitárias em viaturas ou equipamentos será ou não contestável, afectando a imagem das associações e das corporações que aceitem este tipo de apoio?

Não é nosso propósito dar uma resposta a esta questão, mas tão somente fomentar a discussão desta possibilidade que, numa altura em que é necessário redefenir estratégias de financiamento, não pode deixar de ser tida em conta.

2 comentários:

Reinaldo Baptista disse...

entidades de utilidade pública que são, complementarmente, subsidiadas pelo Estado.

Essa afirmação não é correcta, porque as verbas que vem do estado não paga nem 10% das despesas existentes, por isso muitos corpos de Bombeiros tem que estender a mão a caridade ou então tentar obter dinheiro, nem que seja com publicidade.

Actualmente muitos corpos de Bombeiros estão em rotura financeira, e a situação tende a piorar porque quem os devia manter e apoiar a muito nada dá e só exige e em vez de apoiar esta desviando verbas para outras identidades agravando ainda mais a situação financeira dos corpos de Bombeiros.

Nuno Cabeçadas disse...

Olá Reinaldo

"Inúmeras entidades de utilidade pública" abrangem não apenas os bombeiros, mas de outros sectores onde o complemento do Estado atinge valores por vezes próximos dos 100%.

A questão é se mesmo entidades que, por força da lei, devem ser custeadas pelo Estado aceitam patrocínios, se este não será um caminho a seguir pelas Associações de Bombeiros, que, em muitos casos, estão, como disse, a caminho da rotura financera.

Um abraço e Feliz Natal