EH-101 durante uma missão (foto FAP)
Lembramos que o helicóptero da Força Aérea demorou cerca de três horas após o primeiro alerta a chegar ao local do naufrágio, dado não ter sido possível determinar imediatamente a longitude em que se encontrava o navio e os actuais procedimentos obrigarem a uma georeferenciação exacta antes da descolagem.
Também recordamos, tal como consta da cronologia que publicamos, que entre a ordem para descolar e o início do voo do EH-101 "Merlin" decorreram cerca de 50 minutos, resultado dos actuais procedimentos seguidos neste tipo de missão.
O relatório da Inspecção-Geral da Defesa Nacional menciona ainda que parte do atraso se deveu a um "impasse" entre a Força Aérea e o Instituto Nacional de Emergência Médica relativamente à entidade responsável pelo acompanhamento médico durante a operação de resgate.
Inevitavelmente, o inquérito revelou uma série de deficiências a nível de procedimentos, que já não são revistos desde os anos 80, mencionou a falta de meios, sobretudo aqueles que devem escutar as mensagens de socorro, apontou para a disposição dos equipamentos de salvamento mas, à boa maneira portuguesa, ilibou todos os implicados, independentemente das suas responsabilidades organizativas ou operacionais.
Pode-se dizer que, para o ministro da Defesa, foi o sistema que falhou, esquecendo-se que esta aparente abstração atrás da qual muitos se escudam, não nasce por geração espontânea, mas sim como fruto da iniciativa de alguém.
Considerou o titular da pasta que se deve tentar, e esta palavra é de extrema importância porque não prometeu nada, melhorar os meios, sobretudo no respeitante aos salva-vidas, que deviam ser o dobro, mais modernos e com uma distribuição mais racional e às estações de escuta em terra.
Também deu um especial ênfase ao diálogo entre os chefes de Estado Maior da Marinha e da Força Aérea, os quais terão que se sentar à mesma mesa, algo que aparentemente não aconteceria sem ordem superior, e estabelecer procedimentos comuns de que resulte uma intervenção mais rápida.
Finalmente, foi tomada a decisão de activar os meios aéreos de forma antecipada, correndo o risco de acorrer a múltiplos falsos alarmes, do que resultam consequências gravosas a nível de custos operacionais e de dispersão de meios que poderão impedir uma intervenção atempada em situações reais caso estes tenham sido activados para acorrer a uma situação que se verifique, à posteriori, ser falsa.
Logicamente, para além de uma mão cheia de nada, pois a a vontade do ministro só é válida se sustentada por meios orçamentais, dos trabalhos desta comissão apenas teremos como resultado uma modificação a nível metodológico e, eventualmente, uma limitada redistribuição de meios, pelo que o sistema de salvamento vai, em termos práticos, evoluir pouco ou nada.
Sem um reforço orçamental que permita aumentar o número de estações terrestres, de navios salva-vidas com características adequadas, de meios aéreos distribuidos por toda a costa, de efectivos suficientes para manter o necessário grau de prontidão, de verbas suficientes para efectuar os voos a mais que irão decorrer de alertas não confirmados, podemos esperar situações semelhantes à que se verifcou na Nazaré, pois não será uma simples alteração a nível de procedimentos que poderá ultrapassar as inúmeras deficiências detectadas.
1 comentário:
Tudo está bem quando acaba mal. Tenho uma fezada em que daqui a 1 ano está tudo na mesma. Triste sina a de este país.
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