O EH-101 sobrevooa a "Luz do Sameiro"
Esta cronologia é especialmente importante quer no apuramento de responsabilidades, que para implementar alterações que corrijam os erros que se tornam cada vez mais evidentes.
06:42: A bóia envia o SOS que é recebido em Toulose e reenviado para o centro português de busca e salvamento, em Oeiras, da responsabilidade da Marinha Portuguesa, com uma informação apenas inclui a latitude, ou seja, uma linha paralela à do Equador, mas que limita fortemente a área de busca, dado este tipo de embarcação actuar perto da costa.
07:00: A Marinha já sabe que o "Luz do Sameiro" está em dificuldades, mas opta por esperar pelo segundo sinal do satélite.
07:15: É recebido o segundo sinal de satélite com a informação exacta sobre a localização do pesqueiro e dada a informação do naufrágio ao armador, via telefone.
08:20: Um pescador desportivo apercebe-se da situação e liga para o 112, sendo que só a partir deste momento o Centro de Buscas e Salvamento começa a actuar.
08:25: O patrão do salva-vidas da Nazaré é avisado por telefone quando se preparava para sair de casa.
08:45: O centro de busca e salvamento pede à Força Aérea a intervenção de um helicóptero estacionado no Montijo.
08:55: O salva-vida larga do porto da Nazaré, sendo a sua velocidade máxima de 10 nós.
09:15: O salva-vidas chega ao local do naufrágio, mas o estado do mar impossibilitam a aproximação da embarcação naufragada onde ainda se encontram 4 pescadores.
09:15: O Serviço Nacional de Bombeiros e de Protecção Civil (SNBPC) oferece-se para intervir, com um helicóptero que chegaria pelas 09:40, mas a Força Aérea recusa.
10:04: Chega o EH-101 da Força Aérea que evacua o único sobrevivente.
Com base nos dados disponíveis, esta será a sequência horária dos eventos de que resultou a morte destes pescadores, sendo e ter especial atenção às várias demoras que terminaram na intervenção tardia do meio de socorro mais adequado.
Vários erros podem ser apontados, como o facto de os meios da Força Aérea não terem sido activados ou alertados para a eventualidade de um naufrágio logo após o primeiro aviso, pois a área de busca era suficientemente limitada para localizar a embarcação, ou de não ter sido imediatamente feito uma confirmação rádio que despistasse um falso alarme e activasse os meios necessários.
Também a recusa do apoio do helicóptero do SNBPC, que teria intervido mais cedo, é difícil de justificar quando há vidas humanas em perigo, sendo de salientar que os Bell UH-1 do SNBPC, menos sofisticados e polivalentes que os "Merlin", são mais rápidos a entrar em acção.
Muitas outras causas se podem apontar, mas a sequência dos acontecimentos, só por sí, põe a nú a fragilidade do socorro em Portugal a qual se deve mais a problemas estruturais e organizacionais, do que à falta de meios disponíveis.
Este é um assunto que continuaremos a acompanhar, dado que esperamos que, no termos dos inquéritos, sejam implementadas alterações que visem corrigir os problema que ocorreram nesta acção de socorro.
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