sexta-feira, maio 11, 2007

Falta de entendimento atrasa sistema Galileu


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Esquema do sistema Galileu

A falta de entendimento e as profundas divergências entre as empresas que compoem o consórcio privado responsável pelo projecto está a comprometer o sistema de orientação europeu Galileu.

O sistema, concorrente do GPS, deveria estar operacional até 2012 e ser composto por um conjunto de estações terrestres uma trintena de satélites, na sua maioria actualmente em desenvolvimento.

O consórcio de que fazem parte empresas de tecnologia aeroespacial e de telecomunicações, como a EADS, a Thales, a Inmarsat, a Alcatel-Lucent, a Finmeccanica, a AENA, a Hispasat e a Teleop necessita de chegar a um acordo urgente, de modo a manter os prazos, factor importante em termos comerciais, mas também para não aumentar os custos que são pagos pelos contribuintes europeus.

Caso não se verifique um entendimento que permita sair do que já foi considerado "um beco sem saída", a solução para salvar o projecto será a de aumentar o volume de investimento público, actualmente previsto para custar aos contribuintes 1.000.000.000 de euros, mas que, caso os privados não assumam na totalidade a sua parte, que corresponde ao dobro deste montante, a comparticipação do orçamento comunitário terá que aumentar.

A alternativa será a de entregar a gestão do Galileu à Agência Espacial Europeia, transformando-o essencialmente num projecto dependente de financiamentos públicos que virão a ser imputados na sua totalidade ou quase aos contribuintes europeus.

Lembramos que a data original do lançamento do sistema Galileu estava prevista para 2008, algo que se verificou de imediato ser impossível de cumprir, e que seria possível obter uma maior precisão do que o actual GPS, no que a União Europeia considerou como um exemplo do desenvolvimento tecnológico comunitário.

Entre as várias aplicações, e que nos interessa particularmente, encontrava-se a possibilidade de utilizar o Galileu no combate aos incêndios florestais, particularmente graves no Sul da Europa, no que prometia ser um importante auxílio para as protecções civis dos países mais atingidos.

Entretanto, o primeiro satélite de validação, o Giove-A, já está em órbita, como noticiamos na altura do lançamento, esperando-se que o segundo seja lançado até ao final deste ano.

O sistema Galileo, apresentado como uma alternativa europeia ao GPS americano, criou muitas expectativas em termos de precisão e da multiplicidade de serviços comerciais a prestar, mas a sua forma de financiamento, com parcerias públicas e privadas e o grande número de entidades envolvidas prometiam algumas dificuldades que facilmente aumentariam caso os custos aumentassem ou a entrada em funcionamento e consequente rentabilização fosse adiada.

Presumivelmente, iremos assistir a um aumento do investimento e do controle público, dado que uma maior disseminação a nível privado poderá resultar numa ainda maior dificuldade de coordenação e implicar a entrada de parceiros cujo controle poderá escapar aos governos dos países envolvidos.

Actualmente, presume-se que a entrada em serviço será mais uma vez adiada, para além de 2012, deixando ao GPS o papel de sistema de orientação e navegação por satélite universal, algo que só poderia ser contrariado se a Rússia abrisse o seu sistema Glonass, actualmente de uso exclusivamente militar, numa opção que poderia ainda levantar mais dificuldades comerciais ao Galileu.

Caso a opção russa fosse pela exploração comercial do sistema, de forma análoga ao que se passa com o GPS, o atraso no Galileu e o aumento dos seus custos poderiam levar a sérias dúvidas quanto à sua rentabilização e mesmo ao fim prematuro do projecto.

Enquanto se espera por novidades, o GPS poderá continuar a ser por muitos anos o sistema de navegação universal, com base no qual os equipamentos de orientação pessoais irão funcionar.

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