Be-200 um excelente avião envolto num péssimo concurso
Estes dois meios aéreos pesados deveriam, segundo ministro da Administração Interna, António Costa, garantiu no passado mês de Abril, estar operacionais a 01 de Julho.
Após este segundo adiamento, o Governo, caso queira manter os prazos, terá apenas 30 dias para abrir as propostas das empresas, escolher a vencedora, adjudicar e proceder à assinatura do contrato de aluguer, isto partindo do princípio que a empresa selecionada conseguirá no espaço de tempo que resta colocar os meios em Portugal e efectuar todo o planeamento necessário à sua operação.
Lembramos que a 02 de Maio, na sessão de abertura de propostas, a Aeronorte reclamou devido ao facto de um documento apresentado pela JSCBAC, representante do Beriev, estar escrito em russo, devido ao facto de a empresa não estar sedeada na União Europeia e porque o Be-200 proposto não ter um certificado do Instituto Nacional de Aviação Civil para operar em Portugal.
Este é um processo que assume contornos absurdos devido a uma série de deficiências e ao imprevisto do aparecimento de um segundo concorrente que evitou uma adjudicação directa à empresa representante do Be-200.
Cada vez estamos mais convencidos de que este era um concurso feito à medida e que apenas imposições legais evitaram uma adjudicação directa, sendo uma situação de tal forma suspeita que bem merece a atenção das entidades judiciais competentes no sentido de um cabal esclarecimento da situação.
Dado que se torna cada vez mais difícil prosseguir com este concurso, já esperamos que surja a tradicional declaração de "relevante interesse público" no sentido de proceder a uma adjudicação do meio que o Governo considera mais adequado segundo critérios que ele próprio, directa ou indirectamente, escolheu.
A opção de recorrer à declaração de "interesse público" para suprir deficiências processuais de uma das partes, poderá, por seu lado, levar a uma acção em tribunal, com uma eventual condenação do Estado português do que resultaria o pagamento de uma voltuosa indemnização à parte lesada, sendo, portanto, algo a evitar a todo o custo.
Entretanto, devido a todos estes atrasos, duvida-se que na data marcada estejam disponíveis os meios a contratar, facto que enfraquece substancialmente o dispositivo preparado para este Verão e, lamentavelmente, coloca em risco bombeiros e populações que se vêm privados de um conjunto de importantes meios de combate aos incêndios.
Logicamente, este será um concurso a acompanhar e, caso surjam manifestas irregularidades, a denunciar, pois os contornos de todo este processo parecem cada vez mais obscuros e levantam demasiadas dúvidas que necessitam de ser esclarecidas.
3 comentários:
Bolas... que trapalhada do governo...
Porque é que o Estado pode ser processado se fizer uma adjudicação directa? Se acham que é a melhor opção, o que o leva a tomar este caminho? É que assim ainda acabam por ser processados por apresentarem uma proposta feita à medida do Beriev - duvido que sejam condenados, é mais uma manobra reivindicatória dos concorrentes.
Olá
Acima de um dado valor, o concurso público é obrigatório, como forma de tentar impedir situações menos claras e porque a concorrência tende a baixar os preços, defendendo assim os interesses do próprio Estado.
Por outro lado, impor condições que não são relevantes e podem favorecer uma das partes viola os princípios de equidade que devem presidir aos concursos e levam facilmente a uma impugnação.
Com algum exagero, é o mesmo que dizer que só são aceites aviões fabricados na Rússia, sendo que tal não é relevante para o desempenho, pelo que há uma violação das regras dos concursos.
Um abraço
Ok, obrigado pela info.
Essa da equidade é dífícil de ser atingida porque não conheço outra aeronave com as mesmas performances do Beriev (há uma parecida, japonesa, mas que não chega lá).
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