sábado, maio 12, 2007

Do MAI para a Câmara de Lisboa?


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António Costa cumprimenta sapadores florestais

Têm surgido insistentes rumores de que o actual titular do Ministério da Administração Interna (MAI) poderá ser o candidato do Partido Socialista (PS) nas próximas eleições para a Câmara Municipal de Lisboa.

Sendo uma opção essencialmente político-partidária, esta não seria objecto de qualquer comentário não fosse o MAI o orgão de tutela das diversas entidades responsáveis pelo combate aos incêndios florestais, pelo que uma alteração na sua estrutura dirigente terá, inevitavelmente, consequências nesta vertente particular.

Independentemente de se concordar ou não com a orientação do MAI na área do combate aos incêndios, é inegável que o peso político do ministro António Costa, o segundo na hierarquia do Governo, se fez sentir em muitas das decisões tomadas nestes últimos anos seja em termos organizativos de um sector que sofreu profundas remodelações, seja nos processos de aquisição e renovação de equipamentos, os quais implicaram verbas vultuosas em anos de rigor orçamental.

É, portanto, com preocupação que se assiste à discussão em torno da saída do titular da pasta numa altura em que a época de incêndios se aproxima e a liderança política é mais necessária, facto que, a concretizar-se, fragiliza a credibilidade do ministro António Costa e aparenta submeter interesses partidários aos do Estado.

Não pomos em causa a importância que terá para qualquer partido político uma vitória eleitoral em Lisboa, mas uma eventual candidatura de António Costa surge como uma manifestação de flagrante falta de capacidade de renovação das estruturas partidárias, a qual não se verifica unicamente no PS, e como uma falta de consideração para com os milhares de elementos provenientes de diversas estruturas e organizações e que integram o dispositivo de combate aos fogos florestais.

A possibilidade de comprometer, mesmo que parcialmente, o esforço realizado na área da Administração Interna e protagonizado pelo actual ministro, em prol de uma hipotética vitória numa eleição local surge, portanto, como um exemplo do que de pior se pratica em termos de política partidária e um péssimo serviço prestado ao País, sacrificado em nome de interesses que deviam ser considerados como secundários pelos detentores de cargos públicos.

Esperando que esta possibilidade, sustentada por estudos e sondagens, não se concretize, a bem do interesse nacional, da sua efectivação tiraremos as devidas elações e não deixaremos de manifestar o repúdio perante uma tal demonstração das prioridades que presidiram a esta opção.

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