terça-feira, julho 10, 2007

Governo promove campanha contra comportamentos negligentes


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Um incêndio durante a noite

Os ministérios da Agricultura e da Administração Interna estão a promover uma campanha na televisão e na rádio contra comportamentos considerados negligentes ou de risco, baseada em factos reais que deram origem a incêndios.

Estes três incêndios tiveram origem, respectivamente, numa fogueira, num cigarro mal apagado e no lançamento de foguetes, e verificaram-se nos distritos de Viana do Castelo, Viseu e Beja.

O valor desta campanha, que inclui a aquisição de espaços publicitários, é de 2.000.000 de euros e terá duas fases, sendo que na primeira, a decorrer em Julho, está prevista uma maior regulardade, enquanto em Agosto a intensidade dependerá do nível de alerta de incêndio previsto.

Dependendo das condições meteorológicas e do risco de incêndios, a campanha pode ser prolongada até Setembro, estando para isso previsto um eventual aumento da verba disponível.

Obviamente, segundo a legislação em vigor, as várias situações apresentadas como exemplo merecem tratamento diferente, sendo que, por exemplo, um cigarro mal apagado revela efectivamente negligência, enquanto lançar foguetes sem observância das disposições legais ultrapassa em muito a mera falta de cuidado e assume contornos criminais.

No entanto, mais útil do que qualquer campanha, por muito meritória que esta possa ser, seria a implementação ou o suporte a programas de voluntariado, os quais, com menos verbas, permitem obter resultados francamente mais visíveis, envolvendo as populações de forma activa.

Objectivamente, consideramos muito mais importante que existam iniciativas e que haja participação em acções e não somente que não se proceda de forma negligente, sendo esta a diferença entre um envolvimento activo e positivo e uma perspectiva de mera neutralidade, segundo a qual apenas se pretende que não haja comportamentos ou atitudes prejudiciais, mas sem estimular qualquer acto positivo.

A abordagem do Governo acaba por resultar de uma perspectiva pouco ambiciosa, que pode revelar o entendimento que tem dos deveres de cidadania, do que resulta um afastamento cada vez maior dos cidadãos da participação e do envolvimento cívico, optando cada vez mais pela indiferença de quem pouco ou nada espera do poder político e se resigna a um tratamento de menoridade.

Não pretendemos ver neste País apenas o que na óptica do Governo serão bons cidadãos, que passivamente não cometem erros, mas sim cidadãos activos, que se mobilizem e saibam agir em prol do interesse colectivo, independentemente das limitações que o poder político pretende impor ao minimizar os deveres de cidadania.

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