segunda-feira, dezembro 24, 2007

MAI prevê menos de 900 mortos nas estradas em 2007


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Bombeiros numa operação de socorro

Num ano em que o número de mortos nas estradas portuguesas aumentou em relação ao anterior, o ministro da Administração Interna (MAI), impossibilitado de falar em redução, optou por comentar o facto de o número de vítimas mortais ficar, "previsivelmente", abaixo das 900.

Fazendo a comparação com 2006, recorrendo aos dados do "site" da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, que aponta para os 850 mortos durante o ano passado, as 869 vítimas mortais ocorridas até 16 de Dezembro deste ano, representam uma subida que, em termos de tratamento estatístico, será pouco significativa para o MAI.

Para o titular do MAI, os números de mortes no final de 2007 "não serão muito diferentes em relação aos do ano passado", "seguramente um número abaixo dos 900, registados em 2006, um objectivo que apontámos para 2009 e que já concretizámos no ano passado e este ano".

Como justificação para o aumento do número de mortos, o ministro lembrou acidentes com várias vítimas mortais, como o que se verificou em 5 de Novembro em Castelo Branco, de que resultou a morte de 16 pessoas, mas o facto de a duas semanas do fim do ano estarmos a cerca de 30 mortos dos 900, transforma esta previsão numa aposta de risco.

Tal como em ocasiões anteriores, estamos diante de uma manipulação dos números, dado que, por um lado, não há um acompanhamento das vítimas, que permita conhecer o número exacto de mortes, e, por outro, se avaliarmos a redução do consumo de combustíveis, o número de quilómetros percorridos foi bastante inferior ao de anos anteriores.

Infelizmente, não houve ninguém que colocasse estas questões ao ministro, que quase certamente não responderia, pelo que o País continua a acreditar que morrem menos de 900 pessoas por ano em acidentes rodoviários e que da alteração das condições viárias e da diminuição de trânsito nada resultou em termos de sinistralidade.

Quando se discutem diferenças de poucas dezenas de vítimas mortais, brincando com estatísticas, em vez de avaliar a dimensão da tragédia, incorporando nos dados quem perde a vida em consequência dos acidentes, estamos a discutir detalhes e a esquecer o essencial.

Quando o ministro diz que, caso os números subam, tal será motivo não para investigar o que de errado se passa, mas para trabalhar com maior empenho num sentido que se desconhece, seria bom que fizesse correctamente as contas e adicionasse os feridos graves que perdem a vida nos hospitais, para que depois meditasse numa realidade que continua a ser ignorada.

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