quinta-feira, julho 17, 2008

Cada incêndio devasta mais área do que em 2007 - 2ª parte


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Um incêndio florestal

Relativamente às condições climáticas, era expectável que as excepcionais condições que ocorreram em 2007 não se repetissem, algo que em termos estatísticos seria de uma quase absoluta improbabilidade, sendo que este factor é, obviamente, incontrolável pelo que apenas resta aceitá-lo como condicionante, mas quanto ao ressurgimento de vegetação, normalmente desordenada, em zonas queimadas, esta levanta questões concretas quanto à prevenção e ao ordenamento do território.

A possibilidade de anos problemáticos, com uma área ardida superior à média ponderada, ou seja, tendo em conta a diminuição de área florestal que se tem verificado, foi colocada por diversos especialistas imediatamente a seguir aos anos de 2003 e 2005, os quais avisaram para a necessidade de impedir o crescimento desordenado de vegetação, a maioria da qual sem valor comercial e que apenas potencia a propagação das chamas.

Avaliando os investimentos dos últimos anos, contrapondo os que foram efectuados em meios de combate com os feitos na área da prevenção, é manifesto que o esforço continua a ser no sentido de combater os incêndios e não de os prevenir, independentemente das consequências económicas inerentes a esta opção e sem ter em conta os riscos que esta opção acarreta para todos quantos combatem as chamas e para as próprias populações.

Este ano, o aumento da área ardida que se verificou nos primeiros seis meses de 2008, mais do que das condições atmosféricas, atenuadas por algumas chuvas tardias, resultam da insustentabilidade de largas áreas do território nacional, do que resulta uma indiferença de muitos proprietários, alguns sem capital para investir ou demasiado envelhecidos, que deixam terras ao abandono, sem limpar os terrenos nem mesmo onde a lei obriga a fazê-lo.

No entanto, mais do que responsabilizar estes proprietários, é necessário que as medidas que visam rentabilizar a floresta portuguesa, algumas das quais foram anunciadas mas ainda sem uma execução generalizada, sejam implementadas, com a disponibilização dos instrumentos financeiros que permitam aos proprietários rentabilizar as suas terras, mas também com a responsabilização efectiva de quem, podendo reuperá-las, opte pelo abandono.

A posse da terra não pode, na nossa opinião, ser equiparada à de um simples bem, como um automóvel ou uma casa, dadas as implicações sociais que derivam da detenção de um bem não reprodutível nem fabricável, pelo que existe um conjunto de obrigações, pelo menos a nível moral, que convém por em evidência, responsabilizando os proprietários pelo mau uso de um bem essencial para todos.

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