sexta-feira, julho 25, 2008

Suspeita de fogo posto em Vila Velha de Ródão - 2ª parte


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Um incêndio durante a noite

É indiscutível que a deflagração de incêndios em condições aparentemente improváveis leva a apontar para intencionalidade, mas também não se deve esquecer que a falta de prevenção e de limpeza de áreas florestais, potenciada pelo tempo quente e seco acaba por ter um impacto significativo se analizado do ponto de vista probabilístico.

Mesmo perante uma probabilidade ínfima, a repetição sucessiva de uma experiência acabará por resultar, mais cedo ou mais tarde, num resultado considerado de tal forma improvável que tende para o impossível, mas que, seja pela insistência, seja por pequenas variações quase imperceptíveis, vem a suceder.

O mesmo se aplica a muitas das ocorrência que, pela sua estranheza ou improbabilidade, acabam por ser imputadas a actos deliberados ou de negligência grosseira, já que aqui a linha divisória em termos de investigação pode ser algo indefenida, sendo que, para quem não implementou medidas preventivas, atribuir um fogo a um acto criminoso acaba por ser uma desculpa a aproveitar.

Antes mesmo de as investigações concluirem num ou noutro sentido, a facilidade com que responsáveis apontam no sentido de haver intencionalidade, acaba por ser uma manobra de antecipação perante eventuais críticas de falta de planeamento ou prevenção, ilibando-se assim de responsabilidades devido ao estado calamitoso de muitas florestas portuguesas.

A opção por, em caso de dúvida ou de simples possibilidade, se considerar como fogo posto, não excluindo situações em que tal se verifica mas que são rara quanto à existência de dolo, torna-se, assim, particularmente cómoda para muitas entidades oficiais que assim podem atribuir a um acto deliberado e imprevisível o que de outra forma seria, pelo menos parcialmente, sua própria responsabilidade.

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