No entanto, recorrendo a conjuntos de dados que serão verdadeiros, mesmo que parciais, mas desenquadrados, gera-se uma auto-satisfação que tende a considerar como um sucesso a diminuição do número de ocorrências ou da área ardida, sem ter em conta nem a sustentabilidade da floresta, nem a sua valia como factor de desenvolvimento regional, mantendo-se uma perspectiva semelhante à de quem tem um bem que não sabe utilizar, que se degrada e desvaloriza, mas que se obstina em guardar, independentemente do custo, e por muito inútil que este seja.
Mais do que traduzir uma realidade, as estatísticas, nas quais são introduzidas variações no sentido de aumentar ou diminuir as várias parcelas, acabam por ser argumentos que podem ser usados, entre outros, no pedido de apoios comunitários, na desresponsabilização política ou na elaboração de planos de urbanização, podendo, no curto prazo e excluindo considerações morais, satisfazer alguns interesses, inclusivé nacionais, mas constituindo uma base de trabalho não apenas inútil mas perigosa para quem pretender usar os dados para efeitos de planeamento.
Assim, os dados que ficam armazenados como defenitivos e servirão de base para estudos, projectos ou como base de planeamento acabam por não traduzir correctamente a realidade, dando origem a conclusões erradas ou, quando tentem compensar as distorsões introduzidas, especulativas e pouco fiáveis, dando facilmente origem a novos erros.
Manipular dados não é apenas indefensável do ponto de vista político, é um perigo que se projecta no futuro, impossibilitando a reflexão histórica e a fiabilidade das estatísticas, promovendo assim conclusões erradas que poderão ser a base de erros que, usando uma base de rigor, seriam intuitivos e facilmente evitáveis.
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