"Diskette" de 1.44 Mb-1.5 milhões de caracteres
Se a perspectiva de uma investigação em larga escala, envolvendo alguns dos principais dirigentes políticos nacionais, entre eles o Presidente da República, seria, efectivamente, motivo de alarme, as causas de tanto alarido devem-se essencialmente a um pormenor técnico, do qual se tenta, desesperadamente, extrair um significado político que não existe.
A entrega de uma factura detalhada, onde para além dos dados solicitados pela entidade judicial competente, se encontravam informações referentes a outros títulares de cargos públicos, esgota-se na tecnicidade da forma como o ficheiro foi exportado, no "software" utilizado e na formatação resultante da filtragem escolhida, podendo, quanto muito, ir até à preparação do sistema judicial para lidar com este meio de prova.
Podemos comentar o facto de terem sido entregues mais informações do que as solicitadas, de ninguém estranhar serem necessárias 5 "diskettes" para a escassa informação solicitada, de terem sido utilizados filtros no "Excel" e não a eliminação dos dados em excesso, mas será sempre possível contrapor que a alteração do ficheiro exportado do sistema central que armazena a facturação da Portugal Telecom por parte de um funcionário, poderia corresponder a uma adulteração do resultado obtido por via informática, diminuindo assim o valor probatório deste.
Tal como acontece com as escutas telefónicas, seria da responsabilidade do Juiz a selecção dos dados, eliminando o que não tem interesse para o processo e mantendo válida a prova entregue, de forma a que, no futuro, não restassem dúvidas relativamente à integridade da informação fornecida num ficheiro de dados numericamente sequenciados e totalizados.
Assim, a única consequência política, para além da urgente necessidade de um verdadeiro choque, que para além de tecnológico deve ser sobretudo a nível das mentalidades, serão as que se podem extrair das declarações precipitadas de quem, sem conhecimento integral dos factos, se aventurou a comentá-los.
Num País à deriva, parece que apenas os "fait-divers" conseguem encontrar um rumo certo, o qual, infelizmente, não nos dirige no sentido do progresso nem resolve os problemas reais com que nos deparamos.
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