domingo, junho 11, 2006

Férias, futebol e fogos


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Logo do Mundial de Futebol 2006

Na década de sessenta, os três "F" eram de Fátima, futebol e fados, simbolizando uma receita para adormecer ou anestesiar o povo português de modo a que este esquecesse as preocupações de então, como a falta de liberdade ou a pobreza generalizada que levou grande parte da população a emigrar.

Hoje, com a entrada numa época em que começam os campeonatos internacionais, e mais especificamente o Mundial 2006, antecendendo as férias e os meses mais críticos de fogos florestais, é com preocupação que encaramos as consequências da interligação entre estes acontecimentos que, em parte, vão coincidir no tempo.

O interesse naturalmente despertado por um Campeonato onde a Selecção Nacional estará presente, com o entusiasmo que tal desperta, acabará por ser o foco principal do noticiário dos principais orgãos de comunicação social, necessário para um bom nível de audiências, mas que pode relegar para segundo plano situações de muito maior relevância para o País e cujas consequências em muito ultrapassarão este evento desportivo.

A secundarização da problemática dos incêndios, e muito provavelmente de tantos outros problemas com que nos deparamos, anestesiando quem, farto de dificuldades pretende ter umas semanas diferentes que antecedem as férias, poderá ter resultados desastrosos a nível do empenho das populações e da pressão que estes exercem sobre os responsáveis governativos, que nesta matéria não têm dado provas da necessária eficiência.

Corremos pois, o risco de assistirmos a jogos sucessivos, normalmente precedidos de extensas reportagens e antevisões, e de um longo rescaldo, onde debates, conclusões e projecções futuras poderão ocupar demasiadas atenções, sempre com a justificação de que este é um evento que só ocorre a cada quatro anos e que a nossa participação directa poderá ter uma periodicidade ainda maior, afastando a atenção dos problemas do País real.

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