quarta-feira, junho 14, 2006

Sistema anti-fogo "Forest Fire Finder"


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As antenas GSM podem servir de suporte ao sistema

Um sistema pioneiro desenvolvido por investigadores portugueses que permite detectar incêndios florestais à distância, através de análises químicas da atmosfera, foi apresentado ontem em Santarém.

Segundo João Matos, um dos promotores do projecto, que integra a empresa "NGNS - Ingenious Solutions", esta "tecnologia inovadora" utiliza um espectrómetro óptico para fazer a análise química da atmosfera e detecta a existência de fogos num raio de 15 quilómetros.

João Matos explicou que o sistema "Forest Fire Finder" integra equipamentos que são colocadas no alto de torres de observação, como as da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, ou de comunicação, caso das antenas de telemóveis, e que fazem uma observação de 360 graus, enquanto analisam quimicamente a atmosfera.

"Quando detectam fumo orgânico, algo que resulta da queima das árvores, lançam um alerta e o próprio sistema calcula a distância a que se encontra o fogo, enviando a informação para os centros onde está o controlo, através de um programa da internet", explicou João Matos, que adianta ser a análise química rigorosa a ponto de distinguir se se trata de fumo orgânico ou fumo libertado pelas fábricas, por exemplo, evitando falsos alertas.

As câmaras de vídeo-vigilância actualmente em uso pela Protecção Civil não permitem avaliar a "diferença entre uma nuvem de fumo orgânico, fumo industrial ou uma nuvem normal".

Apesar de não conseguir detectar a dimensão do fogo, o "Forest Fire Finder" envia as imagens a quem está no controlo, que consegue desse modo perceber o tamanho do incêndio e calcular os meios necessários para o combater.

Através desta tecnologia é ainda possível acompanhar por vídeo tudo o que se está a passar, acrescenta o especialista, sublinhando que "a imagem tem uma resolução tão grande que quem está no controlo consegue perceber se o fumo é de uma simples sardinhada".

João Matos salientou ainda o carácter autónomo do sistema, que na ausência de energia eléctrica funciona com energia solar.

Totalmente desenvolvido por portugueses, esta tecnologia custou cerca de 600.000 euros a ser desenvolvida, tendo para isso contado com investidores particulares e empresas privadas.

Para abarcar o país inteiro, seriam necessários cerca de 300 aparelhos, o que custaria 20.000.000 de euros, disse, salientando tratar-se de um "investimento bastante baixo, comparativamente com o que se gasta anualmente em detecção".

Os responsáveis pelo projecto não sabem ainda se o conseguirão vender, mas asseguram já ter interessados em vários países, sobretudo em Espanha.

Mesmo contando apenas com os prejuizos causados pelos incêndios, é sempre necessário contabilizar quer o factor humano, a nível de risco, sofrimento e traumas, quer efeitos ambientais, normalmente desprezados na altura de estabelecer o valor dos danos.

Já não é a primeira vez que lembramos o facto de, segundo observatórios internacionais, o efeito dos incêndios florestais ser o segundo com maior impacto negativo entre os portugueses, seguindo-se à crise económica, e uma diminuição substancial no número de incêndios teria um valor positivo no ânimo dos nossos concidadãos.

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