Ambulância do INEM numa emergência
Segundo um estudo divulgado esta semana, o número de ocorrências fictícias que implicam a mobilização de meios foi de 145.104, correspondendo a 16.5 %, ou perto de uma em cada seis, do total de serviços prestados pelos bombeiros.
Para o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Duarte Caldeira, "é um número altíssimo, tremendo, e tem vindo a crescer", salientando que estas chamadas fictícias mobilizam meios que deixam de estar disponíveis para socorrer quem realmente precisa, pelo que "um falso alarme é um acto imoral e criminoso. Quem age desta forma é responsável pela dificuldade no socorro e até pela perda de vidas".
A título de exemplo, um acidente de viação pode implicar a activação de uma ambulância, de um veículo de desencarceramento e de oito bombeiros, meios que poderão ser necessários, em simultâneo, noutro local.
Existe ainda a vertente económica, já que estamos a falar do desperdício de milhões de euros, sobretudo em combustível, mas também em desgaste de material e no cansaço dos efectivos, quase sempre sobrecarregados com trabalho.
Para além do mais, cada saída em emergência representa um agravar da carga psicológica e um risco acrescido, dado que são trajectos efectuados a velocidades elevadas e, portanto, com uma maior probabilidade de sofrer um acidente.
Se para o presidente da Liga seria necessário apostar na educação cívica e esclarecimento das dificuldades das corporações junto da opinião pública, pensamos que será necessário ir mais longe no sentido de resolver um problema que já abordamos no passado e continua extremamente actual.
Não é novidade para ninguém que o número de falsas chamadas de emergência tem vindo a aumentar, sobretudo para os bombeiros, já que existe um maior receio de o fazer relativamente às forças de segurança.
Este número atinge hoje proporções absurdas, estimando-se que uma em cada seis saídas acaba por ser inútil, fruto do que uns pensam ser apenas uma brincadeira de mau gosto, mas que, efectivamente, assume contornos de verdadeiro crime, que poderá ser agravado em função dos resultados.
Infelizmente, a activação indevida de meios, para além de difícil de detectar, é apenas punida com uma multa que nem sequer compensa os custos da saída de emergência, quanto mais as potenciais consequências que podem resultar da falta de meios.
Este é um dos casos em que se impõe a mudança de legislação, punindo severamente que faça chamadas falsas e implementando um sistema de localização de chamadas de emergência, tal como é imposto pela Comissão Europeia e nunca foi levado a cabo pelo Estado português que, assim, se assume como o principal cúmplice desta lamentável situação.
Mesmo sabendo que a localização de chamadas é difícil, sobretudo quando efectuada a partir de telemóveis recarregáveis, portanto sem contrato, ou de telefones públicos, o simples facto de ser implementado um sistema de localização ou uma confirmação através de um "call-back", poderia dissuadir muitos dos criminosos que prejudicam as verdadeiras vítimas, enquanto esquecem que um dia poderão ser eles a necessitar de meios de socorro que não se encontram disponíveis devido a uma falsa chamada.
Esta é a típica situação em que um conjunto de infelizes circunstâncias, a que o Estado não é alheio, contribuem decisivamente para dificultar uma tarefa que, já de sí, é das mais complexas e necessárias para proteger os nossos concidadãos.
1 comentário:
Bom blogue de informação.
Bom trabalho.
Abraço
Paulo
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