domingo, abril 15, 2007

Anunciada a criação de 200 Equipas de 1ª Intervenção


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Incêndio florestal no Verão de 2006

O Secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões, anunciou a criação, até 2009, de 200 equipas de primeira intervenção (EPI) de bombeiros.

O anúncio foi feito em Vila Verde, durante a cerimónia de conclusão do Curso de Formação de Equipas de Bombeiros Especializadas no Combate a Incêndios Florestais (EBECIF), promovido pelo Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) e pelo Governo Civil de Braga.

Segundo Ascenso Simões, o objectivo do Governo para 2007 é o de reduzir em 100.000 hectares a área ardida durante a chamada "época de incêndios", estando este governante convencido de que tal resultará das melhorias organizativas introduzidas no sistema, da melhor preparação dos Bombeiros e da articulação entre estes e a estrutura de Protecção Civil.

No curso de formação foram introduzidas novos conceitos e técnicas de ataque aos fogos, como o da não utilização de água no ataque inicial, de forma idêntica a práticas utilizadas nos Estados Unidos ou o Canadá.

Para permitir a utilização destas novas técnicas, o Governador Civil entregou diverso equipamento aos vários corpos de Bombeiros, que incluem 40 capacetes, 40 cógulos, 40 mochilas florestais, 16 pás de bico com bordo cortante, 16 ancinhos/enxada, 16 extintores dorsais, 8 motoserras, 8 rádios portáteis de banda larga e 8 pinga-lume.

Este acréscimo de formação e de equipamentos é, segundo o secretário de Estado, indispensável no caminho para a profissionalização, algo de inevitável dado a cada vez maior escassez de voluntários em zonas onde a população diminui e envelhece anualmente.

Sendo óbvio que não existem políticas que fomentem o repovoamento destas zonas do Interior, e que o encerramento de equipamentos sociais como urgências, estabelecimentos de ensino ou tribunais, incentivam ainda mais o abandono destas áreas já particularmente deprimidas, a profissionalização surge não como uma opção, mas como uma obrigação resultante de problemas estruturais.

Falta, logicamente, uma visão de conjunto que obrigue a uma inflexão nas orientações políticas, dado que sem haver auto-sustentação da floresta em particular, e do Interior do País em geral, a situação tenderá a agravar-se a cada ano que passa, independentemente da área ardida ou do sucesso no combate às chamas.

As opções por uma mera política de combate, ou como temos vindo a afirmar, por uma táctica de controle de danos apresentada como um sucesso sempre que a área ardida diminui em relação a anos anteriores, é vazia de conteúdos, porque apenas adia o inevitável sem tentar atacar as causas.

Qualquer estratégia de combate, seja aos incêndios, seja em operações militares, é uma forma de ganhar tempo para que uma solução política duradoura seja devidamente implementada e possa dar os seus frutos.

Ao invés, em Portugal é o resultado do combate em sí próprio considerado como a determinante do sucesso, ignorando que todos os anos a floresta diminui, o Interior fica mais pobre e deserto e que novas vidas se perderam.

E no fim de cada ano, chama-se vitória à derrota e distribuem-se medalhas aos familiares dos que perderam a vida ao serviço de uma estratégia absurda cujo resultado não é apenas fácil de antecipar, é determinado pelos pressupostos errados em que se baseia.

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