sexta-feira, maio 04, 2007

Presidente do INEM sugere a extinção do Instituto


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Elementos do INEM em formação

Todos os dias nos deparamos com situações inesperadas, quase todas elas destinadas a poupar algum dinheiro, mesmo que com isso se coloque em risco as populações, sobretudo nas áreas do Interior, onde já quase nada subsiste.

Foi, portanto, sem grande surpresa, que soubemos que o presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) defende a extinção do organismo que dirige, passando as competências para as unidades hospitalares.

Luís Cunha Ribeiro fez esta declaração durante o encontro sobre "cooperação na rede de urgências hospitalares" organizado pelo Hospital do Futuro, adiantando que "o hospital não deve estar fechado entre quatro paredes, mas sim organizar a sua actividade pré-hospitalar, buscar o doente grave e estabilizá-lo".

Após os cortes nas despesas do Estado com a saúde, com o fecho de unidades de serviço permanente ou a diminuição do número de tripulantes das ambulâncias, era de supor que algo de mais grave se seguisse, sobretudo agora após a abertura à iniciativa privada.

Já suspeitavamos que grande parte das medidas propostas se destinassem a transferir a actividade do socorro para particulares, criando condições para que estas sejam rentáveis através da diminuição dos custos de exploração, pelo que a proposta ou sugestão de extinguir o INEM parece enquadrar-se nesta política.

Logicamente, não foi o ministro da Saúde que avançou com a ideia, dados os custos políticos inerentes, mas ninguém de boa fé duvida que está por detrás de uma sugestão que segue a linha de orientações que tem dado ao sector e que, basicamente, se destinam a poupar a todo o custo, mesmo que para tal se sacrifiquem algumas vidas humanas.

Num sistema político em que os decisores não são julgados criminalmente pelas suas opções, sai mais barato ao Estado indmenizar algumas famílias do que manter um sistema de socorro que, cada vez mais, se destina a quem não tem recursos para aceder a meios e equipamentos particulares.

Talvez uma responsabilização diferente, civil e criminal, da nossa classe política resultasse em opções mais humanas e justas, mas sendo os próprios que aprovam as leis que os protegem, duvidamos que tal venha alguma vez a acontecer.

Entretanto, o risco de maiores dificuldades no socorro das populações tem tendência para aumentar caso uma estrutura profissional e com a reconhecida competência e experiência do INEM deixe de existir, com a transferência das suas responsabilidades para entidades heterogéneas e cujas capacidades são, actualmente, desconhecidas.

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