Ambulância acidentada (Fotos CM e SIC)
O acidente ocorreu quando a ambulância regressava a Mourão, após ter transportado um idoso internado na Santa Casa da Misericórdia para as urgências do Hospital de Évora.
Os funerais dos bombeiros António Patinha e Ricardo Paias realizam-se esta terça-feira, a partir das 11h, hora prevista para a realização de uma missa no quartel, após o que serão sepultados no cemitério da vila de Mourão.
Para além dos membros da corporação, é manifesto que a população local está visivelmente abalada, pelo que foi mobilizado para aquela vila alentejana uma equipa de psicólogos para apoiar todos quuantos necessitem desta ajuda.
Além de lamentar a perda das vidas destes bombeiros, mesmo sem comentar este caso específico, não podemos deixar de tecer algumas considerações quanto a uma situação que não é inédita e que poderá ter tendência a aumentar.
O fecho de serviços de atendimento permanente na área da saúde no Interior, do que resulta um cada vez maior afastamento entre as populações e os centros onde podem ser socorridas, vai, forçosamente, aumentar as distâncias a percorrer e provocar autênticas corridas contra o tempo.
Teremos, assim, um risco acrescido para quem necessitar de socorro, mas também para quem desenvolve actividades nesta área, que, inevitavelmente, irá tentar compensar as maiores dificuldades que enfrenta através de uma maior entrega e, potencialmente, de um maior sacrifício da segurança pessoal.
Este perigo é potenciado pelo maior cansaço das tripulações e pelo desgaste acrescido dos veículos e equipamentos, os quais nem sempre têm a necessária manutenção, fruto das carências económicas que muitas corporações enfrentam, do que resulta uma combinação explosiva.
Seria especulativo afirmar que uma disposição diferente dos meios de socorro e dos locais de atendimento teriam evitado este acidente, mas cremos que as actuais políticas que distanciam as populações dos centros de atendimento irão causar vítimas, seja pela maior demora na prestação de cuidados, seja devido ao aumento das distâncias e, previsivelmente, da velocidade média das deslocações.
Mesmo sem termos certezas, pois o futuro não é possível de prever, uma simples análise estatística poderá levar a tirar conclusões que sustentem as afirmações que produzimos e que fazem antever um futuro negro nas missões de socorro como resultado de um conjunto de decisões manifestamente erradas e cujas consequências só agora começam a surgir.
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