sexta-feira, julho 27, 2007

Director da EMA renuncia ao cargo


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Um Kamov durante uma demonstração

O responsável pela Empresa de Meios Aéreos(EMA) renunciou ao cargo poucos meses após a nomeação, alegando falta de meios para desempenhar as missões que estão atribuidas a esta entidade responsável pela gestão das aeronaves que o Estado decidiu adquirir no âmbito da Protecção Civil.

Apesar de o Governo não ter adiantado os motivos exactos para o pedido efectuado por José Vilaça a 23 de Julho, analisando o historial desta empresa e os meios adquiridos pelo Estado, podemos tirar algumas conclusões lógicas.

A forma como os meios, nomeadamente finaceiros têm sido alocados à EMA, nomeadamente pagando as prestações de meios aéres, neste caso os Kamov, e sendo o montante atribuido como despesa da empresa e deduzido do seu capital social, a falta de recursos económicos e humanos ou os atrasos nas transferências por parte do Estado constituem dificuldades para as quais não há resposta.

Igualmente grave será a opção de adquirir meios aéreos antes de certificados para efectuar outro tipo de missões que não as de combate aos fogos, como acontece com os Kamov Ka-32, dado que mesmo a sua utilização em salvamentos pressupõe o transporte de quem for resgatado, o que implica uma certificação que este modelo ainda não possui.

Outros meios estão ainda por adqurir, mas os concursos têm sido de tal forma confusos, resultando em ajustes directos efectuados pelo Estado, que a transparência dos processos facilmente é posta em causa, revelando uma manifesta incapacidade técnica para conceber cadernos de encargos que não ofereçam demasiadas dúvidas e possibilidades de contestção.

Sem possibilidade de rentabilizar comercialmente os meios, a EMA perde a sua principal razão de existir, transformando-se numa estrutura intermédia completamente dispensável, que desempenha funções que poderiam estar atribuidas a outros organismos do Estado previamente existentes.

Desta forma, ao invés de rentabilizar os equipamentos adquiridos, acaba-se por aumentar os custos, sem que daqui advenha qualquer tipo de benefício, seja em termos de actividade operacional, seja do ponto de vista económico, pelo que todo o conceito que presidiu à criação da EMA cai por terra.

Este é o exemplo de como uma ideia interessante pode, devido a uma má execução, acabar por resultar, pelo menos transitoriamente, num completo desastre, lesando os interesses do Estado e compromentendo a aplicação do princípio que levou à sua criação em situações futuras.

2 comentários:

E disse...

Uma chamada de atenção.

A EMA não vai ter só KAMOVs (estes podem efectuar missões comerciais de transporte de carga suspensa e de combate a incêndios, como estão habilitados a fazer na Espanha), mas também os AS350B2. Os futuros aviões de combate a incêndios - provavelmente Beriev e/ou Canadair - também ficarão a seu cargo. E provavelmente para SAR costeiro, os actuais Bell 212, e para MEDEVAC, os actuais Bell 412. Existem também os PUMA antigos da FAP que podem vir a ser aproveitados mas isto ainda não foi decidido.

A sustentabilidade financeira desta empresa fica assegurada através de uma contratualização por hora de vôo e por serviço prestado. Como a estrutura é fixa e com recursos humanos próprios, a longo prazo é mais económico. Contudo, o grande obstáculo é o financiamento inicial (as contas públicas não estão famosas).

Entendo que a questão concorrencial não se coloca quando estamos a abordar missões de Estado. Acho impossível que se consiga garantir a sustentabilidade desta empresa recorrendo a missões de carácter comercial, já que essa não é a sua verdadeira natureza.

Abraço,

Nuno Cabeçadas disse...

Olá

Não penso que a EMA pudesse sustentar-se com base na prestação de serviços fora do âmbito do Estado, mas nesta área os Ka-32 seriam os meios mais competitivos.

Os Eurocopter são pequenos e os Bell dificilmente podem ser libertados das actuais missões, enquanto os aerotanques são demasiado específicos para serem rentabilizados, pelo que os Kamov me pareciam os mais adequados a serviços fora da Protecção Civil.

Mas para além deste golpe em termos de actividade, a forma como foi tratada a questão do capital social é algo que nenhum dirigente de empresa que conheço aceita com facilidade.

Penso que este foi um processo mal conduzido e convenço-me que o antigo presidente estava à espera de algo diferente, com mais recursos e uma maior autonomia e que quando percebeu que isso não acontecia, decidiu afastar-se.

Um abraço